Venda de Rodrygo ao Real Madrid salvou as contas do Santos nas duas últimas temporadas (Crédito: Divulgação)

Publicado nesta terça-feira, o estudo Itaú/BBA sobre as finanças dos principais clubes brasileiros alertou para a dependência do Santos de vendas de novos raios.

O estudo apresentou todos os números da última temporada e alertou para alguns problemas frequentes no Santos, como as receitas recorrentes estagnadas, um custo muito acima da capacidade das receitas recorrentes, investimentos acima da capacidade financeira, dívidas em alta e aumento dos questionamentos judiciais, com potencial do aumento de dívidas futuras.

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De acordo com o estudo, a dívida do Santos chegou a R$ 357 milhões, um aumento de 11% em relação ao ano anterior. O documento ainda alerta para uma prática adotada pela gestão, que, inclusive, provocou a reprovação das contas do clube pelo Conselho Fiscal.  O clube tinha dívidas a pagar que saíram do “Contas a Pagar” e foram transferidas para as “Provisões para Contingências” porque o clube iniciou questionamento legal desses valores.

Um exemplo é o pagamento da parcela do acordo com a Doyen, vencida em setembro de 2019, de 5 milhões de euros. Além de não pagar os 5 milhões, o contrato previa uma multa de 10 milhões de euros. Ou seja, a dívida do Santos com a Doyen passou a ser de 15 milhões de Euros. O Estudo aponta que o endividamento do Santos no período poderia ser de R$ 110 milhões. Confira a avaliação da Itaú/BBA.

E se o acaso não proteger?

Em 2019 o Santos fez uma enorme ginástica para conseguir fechar o ano. Ainda assim com dificuldades conhecidas como atrasos ao longo da temporada, conforme informado pela imprensa. Este é o movimento natural dos clubes que gastam contando com as receitas de venda de atletas. Primeiro porque elas são incertas, depois porque elas nem
sempre entram no fluxo ideal – e para adiantar os recursos custa caro – e por conta disso acaba gerando nervosismo na gestão.
O Santos precisa entender que há limites de gastos e investimentos, e que a venda de atletas não pode ser o pilar. E então vem o desafio de fazer mais receitas recorrentes, seja em patrocínio, seja em relacionamento direito com os torcedores. A TV já garante uma boa receita, então a dificuldade está justamente em lidar com as demais receitas a
partir da força da marca.
Vendas de Atletas precisam ser utilizadas para garantir o equilíbrio, pagando dívidas, investindo em estrutura e parte dos valores utilizando para ajudar no reforço da equipe. E investir em eficiência, de montagem de elenco, de relacionamento com torcedores e parceiros.
Em 2020 o cenário é bastante duro por natureza, e será ainda mais se o clube não vender mais atletas e reduzir custos de forma sensível. Há muitas dívidas e muitas batalhas relacionadas às contingências. Logo, será mais um ano de gestão nervosa e riscos, desnecessários para um clube onde o raio da formação de atletas costuma cair com
frequência.
O Santos precisa sair do círculo vicioso e reencontrar a rota onde não mais o acaso, mas o planejamento, sejam a mola propulsora do clube.