Renato foi homenageado da entrada no gramado até o vestiário em sua despedida da Vila Belmiro (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

 

O Santos entrou em campo na noite de último sábado, na Vila Belmiro, de preto. Não, não era luto, mas poderia muito bem ser, afinal, o Peixe perderia em 90 minutos um ídolo, um dos jogadores mais importantes da história recente do clube. Os engravatados titulares saudavam o “homem do terno”: Renato.

O volante, capitão e diretor executivo de futebol, Renato entrou em campo como merecia a noite de gala: vestindo um autêntico terno por cima do manto sagrado, camisa que sempre esteve por baixo de todas as outras que já vestiu na vida, afinal a paixão pelo Santos veio de pai para filho no caso de Renato.

“Passa um filme desde a manhã, não tem como não passar. O sonho meu era fazer a despedida aqui. É o time que eu torço. Foi um pouco mais sofrido o jogo, mas a equipe brigou pelo resultado, que é o mais importante. Mais do que a minha festa.”

Infelizmente, a afirmação de Renato até poderia ser verdadeira: o jogo poderia valer mais do que a festa, mas não valeu. Já sem pretensões no Campeonato Brasileiro por conta da sequência de quatro derrotas, o Santos mostrou sua verdadeira força e bateu o provável classificado à Copa Libertadores da América, Atlético-MG, naquele que era para ser o confronto direto pela vaga.

No intervalo do jogo, ainda no banco de reservas, Renato foi homenageado com a exibição de um vídeo no telão da Vila Belmiro com vários ex-companheiros de clube. Dentre eles, Robinho, o eterno Rei das Pedaladas, que brincou com a nova função de Renato como diretor executivo e disse que o ex-volante ainda iria ligar para ele.

“Pra mim é especial. Fico agradecido por tudo que fiz. Espero terminar com o pé direito e começar com o pé direito ano que vem. Fazer um Santos competitivo para dar alegrias ao torcedor. Passamos uns momentos complicados. Tivemos um campeonato de recuperação. Faltou aquele sprint na reta final. É planejar para que a gente possa dar títulos e alegrias ao torcedores.”

Ao final da partida, Renato foi jogado para o alto pelos companheiros e fez questão de atender todos os torcedores que ficaram até o final da partida para conseguir um autógrafo ou uma foto. Foi o último a deixar o já solitário gramado da Vila para chegar aos vestiários. Da sala de imprensa do estádio foi possível ouvir muitas palmas para o jogador ainda no vestiário antes que ele viesse ao encontro dos jornalistas para falar em coletiva e agradecer a todos que fizeram parte de sua carreira.

Renato agora troca a grama pelo escritório, a bola pela caneta, mas não o escudo em seu peito: é o Santos que mora em seu coração e isso nunca vai precisar se aposentar. Contar com Renato é um orgulho que nem todos podem ter.