Jorge Sampaoli foi apresentado pelo Santos na terça-feira (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Esses últimos dias foram de pura tensão para o torcedor, foi um misto de felicidade e agonia. Eu me senti em uma final com disputa de pênaltis, feliz por estar lá, mas receosa de cometer apenas um errinho e tudo ir pelos ares. Era uma vontade de gritar “O SAMPAOLI É NOSSO!”, mas também um medo gigantesco de ver meu clube sendo mais uma vez piada em 2018, só que dessa vez com um vexame histórico ainda maior.

Não posso deixar de elogiar a tacada certeira do nosso presidente. Usando suas palavras, fomos ousados e imprevisíveis. Tive muito receio pela forma como foi anunciada a possível contratação, as palavras “aceite assinado” me assombraram nesse último fim de semana, tornando esses dois dias mais longos do que os 20 sem técnico.

Mas agora é verdade. Por mais que eu tivesse dito que só acreditaria quando tocasse no comandante, eu estou finalmente convencida de que ele existe e vai treinar o meu Peixe.

Sampaoli no Santos é a maior prova do quão cegos estávamos em relação à nossa própria história. Ouvir o ex-treinador da seleção argentina dizer que não sabe se está à altura de treinar o Santos me fez perceber o quanto estávamos nos apequenando atrás de jogadores ingratos e gestões desorganizadas. Ele acredita em nós, então por que não apostar também? Hoje eu aposto.

Eu tenho certeza de que se tivermos paciência, e se a diretoria contratar as peças necessárias, faremos um bom ano de 2019 e um excelente ano de 2020. Sampaoli não vem para cobrir férias de ninguém e nem para competir no Estadual, ele vem para aplicar uma proposta de trabalho na Vila Belmiro. Ele quer nos tornar novamente protagonistas de nossos jogos e, dessa forma, nos colocar como protagonistas do mundo esportivo, lugar de onde saímos depois dos tempos de Neymar e Ganso.

Loucos para falar bem ou falar mal, todos estão ansiosos para falar de nós, temos um facho de luz em nossa direção. Depois de muito tempo, somos uma novidade, o Santos inovou no mercado, o que gera audiência, mídia, patrocínio e, por fim, dinheiro. Torcedores vão ao estádio para vê-lo, jogadores se sentirão motivados para seguir seus conceitos e saberão que agora haverá muitos mais olhares em sua direção, olhares que podem julgá-los, criticá-los, mas também levá-los à Europa. E, por fim, a gestão, com certeza, terá muito mais cautela em suas decisões para não decepcioná-lo. Se ele viu inúmeros jogos do Santos e conhece a base, ele definitivamente conhece o “caso Sánchez” e a confusão do quase impeachment do presidente.

Sampaoli não é um santo milagroso, mas tem uma característica primordial: a necessidade de se firmar novamente no mercado. É obvio que ele preferiria assumir o Manchester United e competir na Champions League, mas o que ele tem para hoje é o Santos e, se ele fizer um bom trabalho em 2020, vai se colocar de novo e nos deixar em outro patamar. Não seremos tri mundiais em 2019, mas, pela primeira vez desde que o Peres assumiu, eu sinto que estamos no caminho certo e tomamos a melhor decisão.

Boa sorte, Sampaoli. Estamos juntos nessa.