Por Danilo Hatori, especial para o Espaço do Torcedor do DIÁRIO
Nesta segunda, 07 de junho, duas notícias agitaram os santistas: a renovação de Carlos “Pato” Sánchez e o avanço na negociação pela volta de Paulo Henrique Ganso.
Apesar de os dois terem apelidos de aves, as semelhanças entre os dois são poucas. Mesmo assim, ambos despertam muitos sentimentos, até controversos, na torcida alvinegra. Mas as diferenças são bastante relevantes e falaremos delas.
Comecemos pelo Sánchez. Jogador de renome, Rei da América de 2015, ex-seleção uruguaia, e bastante querido pela torcida. Parecia não haver impeditivos, mas mesmo assim foi uma renovação bastante arrastada.
A justificativa para a demora passa pela própria situação do jogador: 36 anos, voltando de uma lesão bastante séria, e que mesmo antes da lesão não estava em sua melhor forma. Fosse outro jogador, com menos identificação, talvez tivesse bastante oposição da torcida. Bastaria uma análise mais fria para se opor à renovação nos moldes apresentados – análise, inclusive, feita pelo nosso próprio Giovane Martineli, quando estabeleceu critérios para a montagem do elenco: “No mercado brasileiro, a idade deveria ser maior, talvez 33, 35. Sánchez tem 36. Logo, o clube deveria oferecer contrato apenas até dezembro. Pode até estipular metas para alinhar uma renovação automática para mais um, por exemplo.”
No entanto, no caso de Sanchez, creio que devemos considerar que não estamos pagando apenas pelo jogador. Claro, torcemos para que ele volte em alto nível e contribua muito dentro de campo. Mas o “pacote Sánchez” inclui mais coisas.
Além do Sanchez jogador, existe o Sanchez líder. Não apenas ele tem muita história, mas tem muita experiência, liderança e influência positiva sobre o elenco. Com um time composto por muitos jovens, a presença de Sanchez, mesmo que no banco, pode ser bastante positiva, em especial nos momentos decisivos.
Também está inclusa a paz para a diretoria e o treinador. Imaginem se não existe a renovação: cada passe errado ou falha do Jean Mota seria seguida pelo questionamento “por que não renovou o Sanchez”. Com o Zanocelo em campo, mesma coisa. Independente do uruguaio mostrar ou não um futebol melhor, a pergunta ficaria, martelando os responsáveis pela equipe.
Para terminar esse caso, deixo-vos com a imagem mental do Pato Sánchez erguendo a camisa do Santos c a bandeirinha de escanteio na goleada contra o Flamengo em 2019. Caso encerrado.
Por outro lado, Ganso parece ter os mesmos argumentos, mas todos contrários.
Ao contrário de Sanchez, não tem uma posição de líder, e sua saída do clube acabou maculando o bom desempenho que teve em 2010. Arrisco dizer que os torcedores devem considera-lo até uma influência ruim.
Caso não jogue o suficiente para ganhar a titularidade, acabará sendo um salário relativamente alto no banco. E aí, como justificar a manutenção de salários mas baixos para jogadores da base que venham a ganhar, por merecimento, mais minutos em campo? Possivelmente irá também atrapalhar estas negociações, com prejuízo para o Peixe.
E, para treinador e diretoria, ficará a obrigação para que ele esteja sempre em campo e em alto nível. Diniz, que defende sua vinda, será muito mais cobrado pela atuação de Ganso em campo, o que aumentará sobremaneira a pressão sobre seu trabalho. Também a diretoria será questionada a cada falha do jogador, pois é um salário que poderia estar sendo gasto em outros jogadores.
E, para contrapor, encerro este caso com a imagem mental de Ganso sendo recebido por uma chuva de moedas em seu primeiro jogo na Vila com a camisa de um rival. Bastante explicativo sobre sua relação com o torcedor Alvinegro.
Assim, no mundo animal, pato e ganso são aves bastante próximas. No futebol, e no Santos, entretanto, a distância parece ser incomensurável. Resta saber se a diretoria e o treinador apostarão em uma tentativa de convívio bem-sucedido entre Pato, Ganso e Peixe.
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