Sereias da Vila perderam para o Cruzeiro na última rodada do Brasileiro  (Crédito: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)

A diretoria do Santos fez uma aposta no início do ano ao contratar Christiane Lessa para treinar as Sereias da Vila. Foi uma tentativa ousada que, em partes, funcionou – não fosse o relacionamento ruim entre atletas e treinadora, que culminou em um pedido de demissão de Lessa após a 13ª rodada.

Agora, está à prova se a gestão de Andres Rueda pensa com cuidado e zelo no futebol feminino. A resposta passa por alguns pontos: contratação de um(a) novo(a) treinador(a), reformulação da base, apuração do caso Waltinho e cobrança de Amauri Nascimento.

Há, claro, pontos positivos, como a manutenção de inúmeras jogadoras, a volta de Sole James, os uniformes novos com nomes na camisa, as placas nos vestiários. Mas os pontos em dúvida chamam muito a atenção de quem acompanha o futebol feminino.

Nos dois últimos jogos, contra Botafogo e Cruzeiro, a equipe ficou sob o comando da auxiliar técnica, Fabiana Guedes. Uma vitória, no Rio de Janeiro, e a primeira derrota na Vila Belmiro. Em comum, os dois jogos tiveram a famigerada formação 4-2-4, com apenas duas jogadoras no meio de campo e quatro atacantes, além do desempenho ruim do Santos.

Os jogos do Brasileirão feminino só voltam após os Jogos Olímpicos, em 18 de agosto. Isso significa que, caso a gestão Rueda tenha aspirações para as Sereias da Vila, ainda tem tempo de contratar um(a) treinador(a) e a pessoa poderá ter tempo de trabalhar.

Caso alguém dentro do Santos tenha assistido os jogos, provavelmente não votará por manter Fabi Guedes no comando do time. A queda de desempenho é notável, mesmo que – em teoria – a equipe tenha “um problema a menos”, já que o relacionamento era ruim entre as jogadoras e Christiane Lessa.

Se a gestão se importar com o feminino, contratará alguém de forma rápida, dando tempo para que a/o profissional possa trabalhar até as quartas de final, quando as Sereias enfrentarão um rival histórico, a Ferroviária. Além disso, ainda há ao longo do ano o campeonato Paulista.

Outro ponto importante é o Campeonato Brasileiro sub-16, que começa essa semana. O Santos não anunciou oficialmente, mas fez contratações e promoveu um media day para as atletas da base após um grande desmanche – chamado pela gestão Rueda de “reformulação”. A qualidade das atletas e da nova comissão, que assumiu após a demissão de Felipe Freitas, será testada na competição. Então, veremos onde o clube pretende estar no cenário feminino.

Há, ainda, o desfecho das acusações de Christiane Lessa contra o treinador de goleiras, Waltinho. A ex-treinadora acusou o profissional de ter tentado partir para cima dela e só não o fez pois foi contido. O Santos apura o caso – e precisa apurar de forma séria e célere. O posicionamento do clube também será importante. Se for verdade, o treinador de goleiras precisa ser demitido imediatamente. Caso a acusação não se confirme, o clube precisa revelar como apurou o caso e agir com transparência.

Mesmo após as acusações, ele continua trabalhando normalmente. Inclusive, esteve no banco hoje, ao lado de Fabi Guedes. Waltinho foi defendido pela auxiliar técnica e por quase todas as jogadoras do elenco ao longo da semana.
Por fim, é preciso questionar de forma veemente o trabalho de Amauri Nascimento. Contratado no início da gestão de Andres Rueda para ser gerente do futebol feminino, a torcida nunca ouviu uma palavra da boca do gerente.

Amauri Nascimento nunca se pronunciou publicamente, nem na demissão de Lessa, nem na reformulação da base. Se um profissional omisso é suficiente para a atual gestão, o cuidado com o futebol feminino é bastante questionável.