Bruno Henrique ainda está no Santos, mas não se sabe até quando (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Janela de contratações aberta e eu sinto que estamos no meio de uma guerra, somos aquele território neutro e pacato, mas recheado de especiarias raras. Munição por todos os lados, nossos equipamentos e armaduras são frágeis e ultrapassados, as novas armas de fogo nos alcançam e acertam nosso maior guerreiro, Gabriel. Sem conseguir acreditar em melhores condições e vendo um campo devastado, o homem se despede de seus parceiros e deixa para trás uma paixão que carregava desde o berço. Alguns o julgam, outros o invejam. O fato é: a guerra continua e o fim pode ser trágico.

Um sentimento crescente de cada um por si. O comandante do nosso território não consegue passar segurança e irrita a todos com sua falta de coerência e competência. Dodô é requisitado por tropas distantes e tem contas a serem pagas, pouco se sabe se ele ficou feliz ou triste em pagá-las, mas avistar o campo de longe lhe trouxe alívio. Bruno Henrique se vê em uma encruzilhada. Gabriel, agora do outro lado, puxa-o e mostra a ele como pode ser melhor a vida em outra estrutura. Bruno continua com a situação indefinida porque sua cabeça já tem direção e vontade próprias. Além disso, outros territórios propõem alianças atraentes para Victor Ferraz, homem que já foi capitão da armada, mesmo que agora isso pouco importe.

As estruturas ainda estão abaladas, a guerra civil deixou marcas irreparáveis, acabou com a confiança e o respeito dos cidadãos, que nem criticam mais os soldados que se foram. Até as bases mais fortalecidas vêm se deteriorando. Vanderlei, o chefe da defesa, não tem mais vontade de defender aquilo em que não acredita, ferido por hipocrisias e mentiras. Pituca, grande promessa daquela escuderia, sente-se desvalorizado, sua permanência continua sem certezas. Até os jovens guerreiros desconfiam da qualidade do nosso território, meninos de 16 anos já conseguem enxergar a instabilidade inerente. Quantas boas histórias já ouviram… Aquele que um dia já foi o melhor e mais cobiçado espaço de terra agora está largado, diminuindo e perdendo valor. Como será que deixaram isso acontecer? Cada novo comandante culpa o anterior.

Dos 11 jogadores titulares de 2018, mais da metade recebe propostas altas para mudar de lado. Somos a equipe que recebeu sondagens pelo maior número de atletas. O que nos tornou tão frágeis? O que faltou para essa qualidade individual ser transformada em um time batalhador? Para mim, faltou um objetivo. Um foco. Um sonho em comum e a confiança de que seria possível.

Aquela terra devastada se mostrou tão infértil para quem nela pisava que nem conseguiram ter uma visão ampla e perceber o valor que tínhamos. Os outros viram. Os rivais notaram, e notaram mais ainda que é muito fácil nos atingir e nos derrubar. Agora não é mais hora de exaltar o amor à camisa ou a importância do torcedor, é hora de recomeçar com seriedade. Valorizar o que sobrou e trazer reforços. Imploramos por reforços!

Não quero só torcer e exaltar a história do meu clube, quero vivenciar a história e me orgulhar disso.