Fernando Diniz precisa fazer escolhas melhores no Santos (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Se você clicou nesse texto procurando um pedido de demissão do técnico Fernando Diniz ou algo nessa linha, já aviso que vai perder o seu tempo. Pode procurar outra coisa para fazer porque não é essa a intenção, só para deixar bem claro.

Dito isso, acredito que o treinador também precisa ser cobrado, assim como ele cobra insistentemente seus jogadores com os gritos que vazam em todas as transmissões: “movimenta”, “agride”, “aparece para jogar”.

Fui defensor da contratação do Fernando Diniz muito antes de o Santos cogitar a contratação (leia aqui), já escrevi que o time encontrou um caminho com ele antes dos adversários (leia aqui), mas a verdade é que o Santos não mostra evolução nas últimas partidas.

O time e, principalmente, o elenco é limitado, como provado na derrota diante da Juazeirense, mas o treinador tem feito escolhas ruins nas últimas partidas. E ele precisa ser cobrado por elas, alguém precisa “gritar” com ele.

O futebol brasileiro é o que mais troca de técnicos no mundo também pela cultura de dar plenos poderes aos treinadores. Quando um deles é contratado, o clube passa um “cheque em branco”: ele decide quem contratar, quem pode dar entrevistas, quem deve ser vendido, quem deve ser escalado, qual treino pode ser aberto, etc.

O executivo de futebol, em geral, tem receio de cobrar o treinador justamente por essa cultura. Ele sabe que é o treinador, por mais incrível que possa parecer, que pode indicá-lo para trabalhar em outro clube. O próprio Santos, por exemplo, quase contratou Klaus Câmara por indicação de Renato Gaúcho.

No todo, o trabalho de Fernando Diniz no Santos é de regular para bom. Ele precisa de tempo e de mais peças para entregar um trabalho que supere as expectativas. Já escrevi sobre isso também. No cenário atual do clube, um processo de reconstrução, o Peixe precisa que todos os seus colaboradores superem as expectativas.

Fernando Diniz ainda não superou. Ele demorou para trocar os laterais quando todos sabiam que a situação estava insustentável, a insistência em Marcos Guilherme em diversos setores custou uma queda de rendimento drástica do jogador, a insistência nos cruzamentos, como no jogo contra o Atlético-GO, mostrou uma falta de repertório que a gente consegue observar em vários jogos. Vinícius Balieiro de zagueiro e Bruno Marques de titular contra a Juazeirense foram as últimas decisões que precisariam de uma discussão com o departamento de futebol.

A falta de cuidado com os garotos da base, como a barração de Kaiky logo na chegada e a utilização de Ângelo diante da Juazeirense, também chama a atenção. Psicólogo que é, Fernando Diniz parece não ter entendido ainda que alguns jogadores só reagem mesmo aos gritos, mas outros, especialmente os mais jovens, precisam de bem mais do que um treinador que fique gritando “PIRANI!!!, PIRANI!!”.

Não é o momento de cogitar demissão, mas é o momento de uma intervenção. Alguém de fora do círculo dele (auxiliares) precisa mostrar que algumas escolhas estão equivocadas, que é preciso buscar alternativas, variações, algo que historicamente não é visto nos trabalhos de Fernando Diniz.

No final, quem escala é o treinador. Mas a diretoria do clube tem a obrigação de dar uma visão de fora do círculo para ele. Se ele não for teimoso, pode assimilar alguma mensagem e usá-la para melhorar o desempenho do time.

Espero que isso aconteça!