Christiane Lessa ficou cerca de seis meses no Santos (Crédito: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)

Christiane Lessa, ex-técnica das Sereias da Vila, entrou na justiça contra o Santos cobrando o valor de R$ 130 mil reais. A treinadora passou pelo Santos em 2021, mas entregou o cargo meses depois em meio uma polêmica envolvendo o preparador de goleiros, Waltinho.

À época, a treinadora afirmou ter sofrido agressão verbal do preparador de goleiros, Waltinho. Ela alega que o profissional precisou ser contido para não partir para agressão física sobre ela. Ela também reforçou os pedidos de ajuda ao Amauri Nascimento, então coordenador de futebol da equipe.

Em contato exclusivo com DIÁRIO DO PEIXE, Higor Maffei Bellini, advogado da treinadora, explicou os motivos do processo que foi protocolado na 4ª Vara do Trabalho de Santos. Segundo Bellini, a ação aconteceu por falta de apoio no trabalho de Lessa, que viu como última opção entregar o cargo.

“O processo foi movido visando a reparação dos danos morais sofridos, pela técnica em razão do fatos de haver dentro da equipe, por parte de algumas pessoas do apoio ao trabalho da treinadora, que não conseguiu trazer o seu estilo e esquemas de jogo, para a equipe santista. Já que não havia o necessário e expresso apoio da diretoria, para o trabalho desenvolvido. Em razão da falta deste apoio da diretoria é que a treinadora vinha tendo o seu trabalho desrespeitado e por consequência sofrendo formas de assédio moral que infelizmente é muito comum no futebol, quando os atletas deixam de executar o que foi treinado, ou quando membro da comissão dão ordens diferentes para as atletas”, disse o advogado.

Segundo informações obtidas pela reportagem, a treinadora decidiu retornar ao Estados Unidos mesmo com sondagens no Brasil por se sentir abalada psicologicamente. O julgamento do caso deve acontecer entre junho e agosto.

“Este processo de desgaste dos técnicos infelizmente é comum no futebol é uma forma sim de danos morais, como acontece em qualquer outra profissão, e como em qualquer outra profissão a empresa/clube deve agir para evitar isso. E não ficar parado, sabendo que a treinadora uma hora entregará o cargo por não ter mais como gerir a equipe. Como o Santo não agiu para manter o ambiente de trabalho equilibrado para que o trabalho pudesse ser desenvolvido pela Reclamante, este permitiu que o ambiente de trabalho fosse desfavorável à treinadora, razão pela qual é pedido a reparação do dano moral, vinda da omissão do clube. Ninguém deve ser obrigado a trabalhar em uma ambiente que não lhe é favorável e o principal ninguém deve ser obrigado a pedir demissão por uma ambiente de trabalho que acaba lhe prejudicando a saúde e impedindo o trabalho de ser executado”, completa Higor Maffei Bellini.

A saída da treinadora pegou a torcida de surpresa, já que o trabalho no campo vinha sendo positivo. Ela deixou o clube após 13 jogos, com sete vitórias, três empates e três derrotas, com o time já classificado para a segunda fase do Brasileirão, além de vitórias importantes em casa contra o Corinthians, então líder do torneio.

Ex-jogadora, a técnica foi contratada no início de 2021. Ela iniciou oficialmente a carreira como treinadora em 2017 e, desde então, teve passagens por grandes centros mundiais do futebol feminino, como Estados Unidos, China e Noruega antes de chegar ao Santos.

Atualmente Lessa é uma das fundadoras do Austin Rise FC, clube dos Estados Unidos de futebol feminino semiprofissional. A equipe foi criada com o objetivo de oferecer mais oportunidades no mundo da bola para mulheres.

O DIÁRIO DO PEIXE procurou o Santos para falar sobre o assunto, mas o clube decidiu não se manifestar.

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