Depois do empate em 0x0 com o Palmeiras na Vila Belmiro no último sábado, 20, alguns santistas saíram satisfeitos. Afinal, não era uma derrota e, nos últimos oito jogos do Santos com o rival, o resultado havia sido negativo.
Outra parte da torcida argumentou que estar feliz com um empate era sinal de “normalização da mediocridade”. Será mesmo?
Entendo a exigência de que o Santos se porte como “um time grande” – afinal, é o que o clube é. O maior clube do mundo, na minha opinião, que contém clubismo. Ao mesmo tempo, acho que o reconhecimento do tamanho do Santos não pode nos cegar para a realidade.
O Santos vive um período de efetiva mediocridade. Não é um elenco brilhante, é mediano. Não temos um técnico brilhante, é mediano. Não temos um presidente brilhante – e se eu disse que é mediano muito vão me criticar, então, vou deixar essa parte em aberto.
Os três anos de mandato de Andres Rueda têm sido, sim, bastantes decepcionantes. Entre erros e acertos (que existiram, sim), as consequências são, de fato, uma diminuição do Santos enquanto um time de potencial de vitória.
O torcedor do Santos, muitas vezes, vê o time entrar em campo e sente medo. Medo do vexame, medo da humilhação, medo da derrota. E esse é, de fato, traço da gestão de Andres Rueda que, sob a bandeira de arrumar as contas do clube, vendeu bons jogadores e contratou atletas que não fazem do Santos uma potência no cenário nacional.
Ainda assim, ficamos presos na ideia do DNA ofensivo. A conta não fecha. Como ter um DNA ofensivo sem jogadores com qualidade suficiente para jogar dessa forma?
O Santos, nos últimos anos, teve de reaprender a jogar futebol. Assim como a torcida precisou aprender a assistir esse mesmo futebol. O melhor momento, para alguns, foi com Fábio Carille, o mesmo que dizia que, quando você não leva gol, você está mais próximo da vitória.
Voltando ao jogo do Palmeiras, Odair Hellman usou vídeos para mostrar aos jogadores do Peixe como poderiam anular o Palmeiras – hoje, talvez o melhor time do país, candidato ao título de tudo que disputa.
O que Odair queria? Não perder o jogo. Com sorte, conseguir uma bola para vencer, como foi contra o Vasco. Quase deu certo.
O Santos tinha uma estratégia clara: anular o ímpeto do Palmeiras e, em um lance genial, marcar um gol. Digo sem medo que a primeira parte funcionou. Um time que SEMPRE faz gol de bola aérea contra outro que quase sempre toma gol de bola aérea. O gol de bola aérea não veio. A defesa foi impecável. Para o ataque, faltou muito.
Com todo esse cenário, ficar satisfeito com o empate é um absurdo? Me parece que não. Todo santista no mundo queria que o Santos tivesse vencido o jogo. Teria sido mais uma daquelas pequenas alegrias que deixam o resto da semana mais leve. Ao mesmo tempo, o alívio de ter competido estava ali, entre muitos de nós.
Para o Santos voltar a ser um time vencedor, o primeiro passo é deixar de ser um time perdedor. Para mim, faz parte desse processo entender que o DNA ofensivo não é prioridade. A prioridade é vencer, estabilizar o time, ser competitivo dentro das próprias limitações.
Isso faz do torcedor santista um acomodado com a mediocridade? Talvez. Mas talvez seja só uma esperança de se apegar a um processo de reconstrução de um time que precisa voltar a ser uma potência do futebol.
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