Diego Pituca chegou ao Santos no ano passado (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Por Eder Traskini

Ele está de bem com a vida. Nem a chuva que caía incessantemente sobre o gramado do CT Rei Pelé durante o jogo-treino contra o Água Santa, na terça-feira, afetava a felicidade de Diego Pituca, meia que saiu recentemente do Santos B para o elenco profissional. Com os titulares da partida contra o Ituano poupados, ele foi “titular no jogo-treino e tratou de mostrar serviço para Jair Ventura com uma boa atuação.

Dono de sorriso fácil e sempre bem-humorado, Pituca já venceu o primeiro desafio no Peixe: sair do Santos B para o elenco profissional. Agora ele está determinado a convencer o chefe Jair de que merece uma oportunidade no time principal. E pensar que o jogador quase abandonou o futebol. O motivo? Nem ele sabe…

“Foi quando eu estava no Brasilis (time de Águas de Lindóia). O Oscar (ex-zagueiro da Seleção Brasileira e dono do clube) ia me trazer para o sub-20 do Santos, é até engraçado. Só que, sei lá, deu a louca e eu falei que não queria mais jogar bola.”

A “loucura de Pituca durou um mês. Nesse período, ele trocou a carreira de jogador pela de estoquista em uma loja de calçados. Não deu certo. O motivo? Ah, desta vez ele sabe responder.

Pelo Botafogo-SP, Pituca chegou a enfrentar o Santos na Vila (Crédito: Luís Augusto/Agência Botafogo)

“Tinha uma lanchonete na frente de onde eu trabalhava, e eu não gostava de comer comida esquentada. Como tinha de ficar lá das 7h até as 22h, eu gastava todo o meu salário comendo coxinhas (risos).

Não foi só isso. Quando Pituca abandonou o futebol, seus pais lhe perguntaram: “Se não vai jogar bola, o que você vai fazer da vida?”. Pituca, mais uma vez, não soube responder. Então as coxinhas trataram de mostrar ao rapaz que ele não servia para trabalhar no comércio. “Vou ter de voltar a jogar”, disse aos pais. Desde pequeno, aliás, a única coisa que Diego Pituca sabe fazer bem é jogar futebol.

“Brincava de golzinho na rua, arrancava a tampa do dedão, perdia chinelo porque deixava no golzinho e esquecia, minha mãe até me batia por isso (risos). Ela sempre reclamava que eu só queria saber de bola e não queria saber de estudar. E eu não queria mesmo, se deixassem eu ficava jogando bola o dia inteiro.”

Seriedade, enfim

Já que era para ser um profissional do futebol, Pituca resolveu que iria levar o negócio a sério. Ele passou a jogar no Guaçuano, time de sua cidade, Mogi Guaçu, e logo conseguiu uma chance na Matonense. E foi aí que sua carreira começou a progredir. O meia chegou ao Botafogo-SP em 2015 e lá conquistou o Campeonato Brasileiro da Série D.

Nos dois anos seguintes, destacou-se no Campeonato Paulista e chamou a atenção de vários clubes, entre eles o Santos, o sonho de infância. Pituca não pensou duas vezes quando recebeu o convite do clube e assinou contrato com o Peixe até 2021. No ano passado, com o time B, foi um dos destaques da campanha que culminou no vice-campeonato brasileiro de aspirantes.

Atualmente, o jogador de 25 anos, que prefere atuar como segundo volante, tem mais uma missão dura pela frente. O Santos ainda pode inscrever quatro jogadores no Paulistão, mas Gabigol e Vitor Bueno já têm vagas reservadas, deixando apenas dois lugares disponíveis. Um deles pode ser de Gustavo Henrique, que se recupera de lesão, apesar de o Santos já ter seis zagueiros inscritos na competição (incluindo Matheus Guedes e Robson Bambu, que entraram na lista B, para jogadores de até 21 anos). A outra vaga pode ser do argentino Lucas Zelarayán, principal alvo do Peixe no mercado de transferências, que está cada vez mais perto de chegar. Mesmo assim, Pituca não desanima.

“Tenho de acreditar. Estou treinando para isso, para mostrar o melhor para o Jair, mas, se não acontecer, sem problemas, tudo no tempo de Deus.”