Jesualdo Ferreira vai estrear no comando do Santos na quinta-feira (Crédito: Ivan Storti/SantosFC)

O torcedor santista tem duas formas de analisar o início de temporada do clube e cada uma delas mostra um cenário diferente: comparar com o início de 2019 (ver o copo meio cheio) ou com o final do Campeonato Brasileiro (ver o copo meio vazio).

O Santos começou 2019 com um elenco limitado, que havia terminado o Campeonato Brasileiro de 2018 na 10a colocação, sem grandes reforços e depois de perder alguns dos seus principais jogadores, especialmente Gabigol (além de Dodô). Ainda perdeu Bruno Henrique antes do primeiro jogo no ano e o então novo técnico, Jorge Sampaoli, só começou a ganhar reforços no meio de janeiro.

Em relação a esse time, o Peixe começa 2020 melhor. A base do time segundo colocado mo Campeonato Brasileiro foi mantida, dois reforços já foram contratados para o início da pré-temporada (Raniel e Madson) e o novo técnico, Jesualdo Ferreira, não perdeu nenhuma das estrelas, como Carlos Sánchez e Soteldo, por exemplo.

No entanto, se a comparação for com o final do Campeonato Brasileiro, o Santos começa o ano muito mais fragilizado. Primeiro, claro, porque um técnico novo demanda tempo para implantar seu trabalho. Não podemos esperar tão cedo uma exibição de gala como a que encerrou a temporada nos 4 a 0 diante do Flamengo.

Segundo porque, apesar dos dois reforços, o elenco está menos qualificado. Com a saída de Vanderlei, o Santos pode ter criado um problema em uma posição em que não tinha (e uma posição muito delicada). Everson não mostrou-se totalmente confiável embaixo das traves e Vladimir não tem a mesma qualidade que o goleiro negociado com o Grêmio. Na posição, estamos perdendo.

Nas laterais também. Embora a torcida santista tenha bronca com Victor Ferraz, o mercado inteiro do futebol considera ele mais jogador que Madson. Mesmo que Ferraz tenha ficado na reserva de Pará na reta final do Campeonato Brasileiro, a dupla de 2019 tinha mais qualidade que a dupla que começa 2020.

Na lateral esquerda, o Santos perdeu Jorge. Jean Mota está treinado como opção para Felipe Jonatan. O Jorge de antes da Copa América vai fazer muita falta ao time. O Jorge de depois da Copa América nem tanto, mas ainda assim ele oferecia ao time uma opção melhor do que a improvisação de Jean Mota.

Na zaga, perdemos um titular absoluto. A torcida vai questionar, especialmente pela forma como ele saiu, mas Gustavo Henrique e Lucas Veríssimo era a melhor dupla que o Santos tinha e uma das melhores do país. Luan Peres pode ser uma boa opção para a vaga, mas não é um jogador melhor que Gustavo. E ainda não temos a opção para o Luan. No balanço, também estamos perdendo.

No meio-campo a base foi mantida, sem trocas, e no ataque tivemos a chegada de Raniel e a volta de Arthur Gomes. Melhoram o elenco, nesse caso, mas não o time. O trio SMS, com muita justiça, deve seguir titular.

Sobre o técnico Jesualdo Ferreira? Melhor esperar para ver o trabalho. Sampaoli mostrou logo de cara no amistoso contra o Corinthians em Itaquera. Neste ano, não tivemos jogos-treinos e quase todos as atividades foram fechadas para a imprensa.

O otimista vai achar que está tudo ótimo, o pessimista vai reclamar.

Vamos esperar para ver qual tem razão.