O jogo contra o Delfín, do Equador, teve seu termômetro influenciado pelo vazio do estádio e a falta de vibração da torcida. Foram 90 minutos de uma partida apática, de um time satisfeito com o placar de 1 a 0 e controlando o resto do jogo sem muita atuação do setor ofensivo. Pudemos observar nitidamente um elenco cansado, o que é normal, pois, estamos no meio de uma sequência intensa de jogos e que determinará o futuro do treinador e das ambições do Santos em 2020.
Entretanto, o momento mais quente do jogo foi a entrevista do zagueiro Lucas Veríssimo. Quando perguntado pela imprensa sobre o interesse do Galo, ele cobrou publicamente uma valorização do seu trabalho. Lucas disse que ele não sabe se o Santos conta mais com ele ou com o dinheiro de sua possível venda, Jesualdo afirmou que o jogador é fundamental e o presidente José Carlos Peres afirmou que essas questões serão resolvidas internamento e citou o contrato do jogador até 2022.
Me incomoda muito como as questões do Santos, que deveriam ser resolvidas internamente, sempre precisam explodir na mídia para que depois se tenha uma conclusão. Gustavo Henrique reclamou para a imprensa ano passado sobre sua renovação, Marinho questionou o presidente também na TV sobre o atraso de direito de imagem, Bryan Ruiz precisou usar o instagram para explicar sua situação e, agora, essa exposição absurda do zagueiro sobre seu contrato – comparando com casos de outros clubes e até com casos internos, expondo claramente o que aconteceu com o Soteldo.
O que eu sinto é uma extrema falta de respeito dos funcionários com a gestão, mas que talvez seja uma consequência de um problema de comunicação antigo entre eles. Os jogadores perceberam uma maneira de conseguir o que eles querem. Eu discordo totalmente desse método, mesmo se tratando de reivindicações legítimas.
Veríssimo é um dos grandes nomes do elenco e merece valorização, mas esse tipo de atitude só fortalece ainda mais a ideia de um clube desorganizado – o que afeta a todos que trabalham dentro dele.
O Santos parece uma empresa com uma hierarquia invertida, gerida por uma bagunça de ideias e totalmente reativo – e não preventivo – às crises.
O time luta contra uma dívida enorme, mas faz contratações com valores exacerbados, paga salários enormes a atletas que nem estão no banco, faz promessas de melhoras e não cumpre e, no fim do dia, quer um patrocinador master a todo custo.
Não é atraente para nenhuma empresa investir em um clube que transmite um total desespero, crise interna e uma falta de liderança.
Eu não concordo com essa exposição e como as coisas estão sendo conquistadas dentro do clube, mas está longe de ser um problema de hoje e quem sofre com isso não é só o Presidente Peres e, sim, o nome e a imagem do Santos Futebol Clube.
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