O Santos completa 108 anos de vida nesta terça-feira. Destes, eu me formei como torcedor, provavelmente, nos 18 anos mais difíceis dessa gloriosa história.
Nasci em 1977, filho de pai santista e “Gol, Juari!” foram algumas das primeiras palavras que aprendi a falar. Depois, tive em Rodolfo Rodriguez e Serginho Chulapa os primeiros ídolos santistas. Mas, praticamente junto com a minha entrada na escola, começou o período mais difícil.
Quase sempre fui o único santista da classe ou, ao menos, o único que vestia a camisa e assumia o clube. Por cerca de dez anos, muitos amigos quase colocavam a mão na frente da boca para dizer que torciam para o Santos.
Nada dava certo. Os jogadores que começavam a se destacar no clube eram trocados com rivais por jogadores de qualidade técnica discutível. César Sampaio para o Palmeiras e vieram Ranielli e Serginho Fraldinha. Axel para o São Paulo em troca de Dinho, Gilberto e Macedo.
Os nossos ídolos eram até então Sérgio Guedes, Almir, Guga, Paulinho McLaren.
Então chegou o ano de 1995 e o “Messias” Giovanni. Os “torcedores” começaram a tirar a mão da frente da boca ao falar que torciam para o Santos. Milton Neves embalava nas ondas da Rádio Jovem Pan a inesquecível campanha “Santos, meu amor”.
Eu, Giovane, passei papel crepom vermelho no cabelo na fase final do Brasileiro em homenagem ao Giovanni.
Não ficou bom.
O Márcio Rezende de Freitas tirou o nosso título brasileiro, mas aquele time conseguiu um feito maior do que qualquer taça. Foi o time do resgate do orgulho santista.
Foram mais sete anos ainda ouvindo piadinhas até as oito pedaladas e o título mágico de 2002, uma conquista que não poderia ser mais emblemática: em cima do maior rival e comandada por garotos formados no clube.
De 2002 até 2020 são outros 18 anos e o santistas dessa geração viveram uma realidade completamente diferente da minha. Foram dois títulos brasileiros, uma Copa Libertadores, uma da Copa do Brasil, uma Recopa e sete títulos paulistas.
Na semana passada completamos no DIÁRIO a Seleção do Século e nossos ídolos nesses anos foram caras como Alex, Edu Dracena, Léo, Renato, Elano, Robinho, Neymar, Ricardo Oliveira. Caras como Zé Roberto, Molina, Diego, Gabigol, Kléber Pereira, Alex Sandro, Arouca ainda ficaram fora da lista.
Hoje em dia é muito fácil torcer para o Santos.
A última pesquisa Ibope mostrou claramente isso. A torcida do Peixe aumentou entre 16 e 24 anos e 24 e 32 anos. Os menores percentuais são entre 32 e 40 e 40 e 48 anos, justamente a minha geração.
Para não dizer que eu não falei das flores, o Santos já não ganha um título há quatro anos. Por isso, aqui vai um pedido.
Por favor, senhores dirigentes, não transformem o Paulista de 2016 para a próxima geração no que foi o Paulistão de 1984 para a minha.
E, claro, parabéns, Santos Futebol Clube, o maior brasileiro do mundo.
Nascer, viver e no Santos morrer é um orgulho que nem todos podem ter.
Ótima matéria!
Não sou dos anos 70 fui criança nos 90, mas como sofri na escola, não tinha caderno mochila ou qqr coisa do SFC pra compra em lugar nenhum o máximo que poderíamos encontrar era uma camisa pirata 100% falsa na barraca e mesmo assim era bem difícil.
Não posso dizer que meus amigos tinham vergonha de ser santista pq não tinham nenhum era só eu mesmo lembro muito pouco do time de 95 lembro Edinho, Robert e claro G10vanni.
Na escola a gente jogava contra: os mlks palmeirense x sãopaulinos…. eu ficava sozinho não tinha ninguém pra montar um time de santista, quase sempre jogava com os corintianos (eram os melhores da escola).
Meu prazer era zuar os mlk que torcida para o trio de ferro que perdiam a final de algum campeonato (quase sempre paulista, que era bem importante), já o Peixe chegar e uma semi final era o apogeu para um santista naquele momento, nem preciso dizer que era sempre o alvo de todos o motivo de chacota da escola quando falávamos de futebol (tipo todo dia) era única vez que via os mlk que só brigavam pelo seus times (trio de ferro) unidos para tirar o pelo do santista aqui.
Em 2002 quando ganhamos eu nem sabia o que fazer muito menos comemorar.
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