Jesualdo Ferreira terá de contornar a insatisfação dos jogadores com a diretoria (Crédito: Ivan Storti/SantosFC)

Ainda é impossível prever quando o futebol vai voltar no Brasil, mas o técnico do Santos, Jesualdo Ferreira, já sabe qual será a sua primeira missão no momento em que os campeonatos recomeçarem: mobilizar os jogadores.

A relação do elenco com a diretoria, especialmente com o presidente José Carlos Peres, já era ruim, mas piorou com o corte de 70% dos salários de abril. Marinho reclamou, jogadores compartilharam publicação do sindicato dos atletas profissionais criticando o clube e nenhum deles esteve na apresentação dos novos uniformes.

José Carlos Peres nunca teve bom trânsito no vestiário do Santos. Isso já foi dito por ex-funcionários, ex-jogadores, ex-técnicos e pelo vice-presidente Orlando Rollo. O DIÁRIO ouviu de mais de uma fonte que o técnico Cuca chegou a fazer reunião com o elenco e conseguiu mobilizar os atletas (o Santos estava perto da zona de rebaixamento quando ele foi contratado) na linha do “somos nós (elenco e comissão) contra eles (Presidente e diretoria)”.

Não quero dizer com isso que acredito em teorias da conspiração na linha de que os jogadores irão fazer “corpo mole”, mas também não sou poliana para seguir no discurso de que os atletas são profissionais, tem de se esforçar e não podem reclamar, blábláblá.

Todos nós já trabalhamos em lugares em que nos sentimos parte importante do negócio, vibramos com bons resultados, com boas ações da empresa. Todos tivemos superiores que eram verdadeiros líderes, caras por quem nós compraríamos qualquer brigar. Se você ainda não trabalhou em um lugar assim, sinto muito. E espero que tenha essa oportunidade.

Também acredito que muitos já trabalharam com chefes “escrotos”, autoritários, que não valorizavam o seu trabalho. Imagino que nenhuma dessas pessoas deixou de se esforçar para entregar a sua tarefa, mas aposto que todos não viam a hora de chegar em casa.

O Santos hoje está mais para o segundo cenário do que para o primeiro. E só uma pessoa pode mudar essa situação quando a bola voltar a rolar: Jesualdo Ferreira.

Até aqui, o treinador esteve muito alinhado com o discurso do presidente José Carlos Peres (assim como Jair Ventura e diferentemente de Cuca e Jorge Sampaoli).

Mas Jesualdo tem o respeito e o carinho dos atletas. A forma como ele vai lidar com essa crise no vestiário será fundamental para o destino do Santos quando a bola voltar a rolar em 2020.

Se ela (a bola) voltar a rolar.