Por Fernando Ribeiro e Vinícius Cabral, especial para o DIÁRIO DO PEIXE
No Peixe, lateral-esquerdo joga com a camisa 3. Tradição que contou com a categoria de grandes ídolos na posição.
Os pesquisadores Fernando Ribeiro e Vinícius Cabral, que escrevem os textos Jogos para sempre e Lendas da Vila para o DIÁRIO DO PEIXE, selecionaram os cinco melhores laterais-esquerdos que honraram o manto santista em todos os tempos. Confira abaixo a lista TOP 5.
1 – Léo
Após a aposentadoria de Pelé, em 1974, o lateral Léo é o maior vencedor da história do Santos. Foram oito títulos conquistados em duas passagens amplamente vitoriosas pelo clube. Copa Libertadores, Copa do Brasil (a primeira), dois Brasileiros, três Paulistas e uma Recopa Sul-Americana. Além disso, o “Guerreiro da Vila” é o segundo atleta que mais atuou em Vila Belmiro (210 jogos), com oito a menos do que o lendário Zito. Com 456 partidas, é o décimo que mais jogou pelo Santos. Os números são marcantes, mas a relação de amor com o Peixe foi o principal motivo para Léo tornar-se ídolo da torcida.
Nascido em Campos, no Rio de Janeiro, em 06 de julho de 1975, Leonardo Lourenço Bastos começou na equipe de sua cidade natal, o Americano. Em 1997 veio para São Paulo, onde atuou pelo União São João, de Araras. Teve um curto período no Palmeiras, mas não foi aproveitado.
Chegou ao Peixe em 2000, rapidamente tornando-se titular da posição. As boas atuações conferiram-lhe convocações para a Seleção logo no ano seguinte, quando conquistou sua primeira Bola de Prata Placar – como o melhor lateral esquerdo do Brasileirão (prêmio que ganhou, também, em 2003 e 2004). Pelo Brasil, foram oito jogos, com o título da Copa das Confederações em 2005.
A primeira passagem de Léo pelo Santos durou de 2000 a 2005. Estreou em 27 de agosto de 2000, na derrota para o Palmeiras (3 a 2) pelo Torneio João Havelange, o Brasileirão de 2000. A velocidade e qualidade no apoio ao ataque eram suas principais características. Em 2002, foi autor de gols importantes na campanha rumo ao título brasileiro: marcou nas quartas de final, diante do São Paulo, e fez o último gol na final contra o Corinthians. No ano seguinte, foi fundamental na ótima campanha que levou o Santos aos vice-campeonatos Brasileiro e da Libertadores. Em 2004, novamente ajudou a equipe a ganhar mais uma vez o título nacional.
Voltou ao clube em 2009, depois de jogar pelo Benfica, de Portugal. No retorno, mais conquistas: a inédita Copa do Brasil em 2010, o primeiro tricampeonato paulista desde 1969 e o tricampeonato da América, título que o Santos não conquistava desde 1963. Falastrão, Léo colecionou muitas declarações polêmicas que são lembradas até hoje, como a provocação ao Barcelona, antes do Mundial de 2011. Sua despedida oficial dos gramados foi na partida de comemoração dos 100 anos da Vila Belmiro, em 2016, no amistoso diante do Benfica.
2 – Rildo
Rildo defendeu o Santos por cinco anos, entre 1967 e 1972, justamente no período em que o time passava um período de transição, com troca de jogadores. Uma transição em altíssimo nível, diga-se, afinal foram seis taças conquistadas (3 Paulistas, 1 Recopa Sul-americana, 1 Recopa Mundial e 1 Brasileiro) sempre contando com a firmeza do futebol deste pernambucano.
Rildo chegou ao Santos com status de craque para disputar posição com Geraldino, outro top 5 da nossa história na lateral-esquerda, e fez 325 partidas e 11 gols. Após diversas tentativas, foi contratado junto ao Botafogo por 200 milhões de cruzeiros e era titular da ala botafoguense, com a lenda Nilton Santos na quarta zaga. Antes de brilhar no alvinegro carioca, passou pelas categorias de base do Sport e do Íbis, famoso por ser o “pior time do mundo”.
Logo em sua estreia pelo Peixe, contra a Seleção de Mar del Plata, na Argentina, em janeiro de 1967, Rildo balançou as redes na vitória por 4 a 1. O lateral participou do tricampeonato paulista (1967-1969) e ganhou moral na Seleção Brasileira. Era uma das Feras de Saldanha e foi titular nas seis partidas da seleção brasileira ao lado de seus companheiros Carlos Alberto, Djalma Dias, Joel Camargo, Pelé e Edu. Ou seja, seis titulares da seleção eram santistas. Rildo acabou não participando da campanha que rendeu o tricampeonato mundial à seleção devido a um suposto problema cardíaco descoberto pela CBD. Essa história não foi desvendada até hoje.
O lateral seguiu atuando no clube de Vila Belmiro até 1972, quando se despediu em vitória por 1 a 0 contra a Portuguesa. Foi para CEUB, de Brasília. Atuou também no ABC de Natal e depois foi jogar nos Estados Unidos, onde defendeu o Cosmos ao lado de Pelé, além de outros clubes locais.
3 – Dalmo
Maracanã com mais de 120 mil pessoas. Partida de desempate na disputa do título Mundial Interclubes. Jogo duro, truncado e empatado sem gols. Pênalti para o Santos. Nada disso exerceu qualquer pressão no lateral Dalmo, que efetuou a cobrança com calma e maestria, anotando o gol que deu ao Peixe o bicampeonato mundial, em 1963.
Nascido em Jundiaí, em 19 de outubro de 1932, Dalmo Gaspar iniciou sua carreira no Paulista, clube de sua terra natal. Lá, jogou de 1951 a 1954, quando rumou para Campinas, a chamado do Guarani. Três anos de boas atuações fizeram com que o Peixe contratasse seus trabalhos.
Chegou à Vila Belmiro como quarto-zagueiro, mas logo fixou-se como lateral-esquerdo. Detalhe: Dalmo era destro. Estreou em 26 de outubro de 1957, na vitória sobre o Palmeiras (4 a 3). No ano seguinte a sua chegada, 1958, já levantou o primeiro caneco: campeão paulista. Neste ano, foi o jogador santista com mais atuações na temporada junto a Getúlio: 69 partidas.
Em 1959, sofreu com lesões e disputou apenas 48 dos 99 jogos do time. Dalmo foi muito importante nas conquistas do clube no início da década de 60, participando ativamente das principais delas: bicampeonato da Libertadores e o bi mundial. Ganhou, também, mais quatro títulos do Paulistão, além de três Taças Brasil. Mesmo com todo o destaque no melhor time do mundo, Dalmo nunca atuou pela Seleção Brasileira. Em 1960, em entrevista concedida à Revista do Esporte, revelou que jogar pelo Brasil não era tão relevante para sua realização profissional. “Assim que comecei, pensava muito nisso, mas agora, não. Jogar pelo Santos para mim já é um pulo muito alto”, disse.
Culto para os padrões da época, era formado em Contabilidade, apreciava música popular brasileira e filmes. Pelo Alvinegro Praiano foram 369 jogos e quatro gols marcados, um deles naquela inesquecível noite de novembro de 1963 no Maracanã. Apesar do gol no Milan não ter tido o artifício da paradinha, Dalmo notabilizou-se por inventá-la – segundo ele mesmo afirmou em diversas ocasiões. Muitos atribuem a criação à Pelé, mas o lateral sempre dizia ter sido ele o inventor. Deixou o Santos em 1964, quando retornou ao Guarani.
4 – Geraldino
Geraldino chegou em 1963 ao Santos com status de grande reforço. O lateral-esquerdo marcou história no futebol mineiro entre 1957 e 1963 atuando por Villa Nova, Siderúrgica e Cruzeiro, clube que o alçou nacionalmente. Com a camisa da Seleção de Minas Gerais, foi campeão brasileiro de seleções, em 1963, auxiliando a equipe com seu futebol seguro na defesa e inteligente no ataque.
No mesmo ano o Santos levou seu futebol para reforçar o estrelado elenco campeão do mundo, comandado pelo técnico Lula. O Peixe desembolsou 25 milhões de cruzeiros, a maior transação do futebol mineiro até então. No Peixe, ganhou o apelido de Padre devido a seu passado como seminarista em Minas Gerais. Ele estreou em empate por 1 a 1 com o Partizan (da ex-Iugoslávia, atual Sérvia), na França.
Geraldino participou de todos os jogos da campanha do bicampeonato da Libertadores, em 1963, tendo papel importante na marcação dos principais rivais adversários, como Mané Garrincha e Ángel Rojas (Boca Juniors). Além dos títulos da Libertadores e do Mundial, Geraldino venceu com o Peixe os títulos da Taça Brasil de 1963, 1964 e 1965, do Paulistão de 1964, 1965 e 1967, além do Rio-São Paulo de 1964 e 1966.
Em seis temporadas pelo Alvinegro Praiano, Geraldino disputou 212 jogos e fez dois gols. Em 12 de julho de 1968 fez sua última partida pelo clube em derrota para o New York Generals, nos Estados Unidos. Foi para a Portuguesa, clube onde encerrou a carreira.
5 – Ivan
Em 1950, o Santos procurava um defensor que jogasse pelo lado esquerdo, já que Alfredo Ramos foi negociado para o São Paulo. Para ocupar a lacuna deixada pelo novo reforço rival, a diretoria do Santos foi em Santa Catarina buscar Ivan, polivalente jogador que atuava de lateral, zagueiro e meia, sempre pela esquerda. Em todas as funções apresentava características como a inteligência e a força física.
Quando chegou em Vila Belmiro, Ivan foi citado no periódico Mundo Esportivo de maneira elogiosa. A publicação exaltou que o atleta veio do modesto Paula Ramos e deu conta do recado na linha defensiva alvinegra. Sua estreia foi em julho de 1950, na vitória do Santos por 6 a 2 frente ao Madureira, na Vila Belmiro.
Após dois anos, foi emprestado ao Linense e ajudou o clube do interior paulista a conquistar o acesso para a elite do futebol do Estado. Voltou ao Santos em 1954 e fez parte da linha que conquistou o primeiro bicampeonato paulista, em 1955 e 1956, equipe que tinha nomes como Formiga, Zito, Tite, Pagão, Pepe, além do técnico Lula. Seu último jogo pelo Santos foi em 10 de outubro de 1957, em vitória por 1 a 0 contra o Canto do Rio. Pelo Peixe foram 7 gols em 253 jogos e o bicampeonato paulista de 1955 e 1956.
Ivan então saiu do Santos e foi para o Corinthians. Na sequência de sua carreira voltou a Santos, mas agora para defender Portuguesa e Jabaquara. Esteve em campo pelo Leão da Caneleira na histórica vitória contra o Santos por 4 a 3 em plena Vila Belmiro.
Excelente matéria só conhecia o Léo e o Dalmo.
Foi legal ver também que no passado o SFC sabia contratar.