Da Redação

Na noite desta segunda-feira, a TV Santa Cecília promoveu o primeiro debate entre os candidatos à presidência do Santos para a eleição programada para o dia 9 de dezembro. Os quatro presidenciáveis participaram do debate, que teve uma discussão acalorada entre o atual presidente, Modesto Roma, e um dos oposicionistas, Nabil Khaznadar. Os mediadores do debate chegaram a dar direito de resposta ao atual presidente.

O Diário do Peixe irá publicar, na próxima semana, entrevistas exclusivas com todos os candidatos e fará uma grande cobertura da eleição no dia 9 de dezembro.

Confira como foi o debate promovido pela TV Santa Cecília:

Apresentação

No primeiro bloco os quatro candidatos fizeram uma breve apresentação. O candidato da chapa 3, Nabil Khaznadar, chegou a sugerir uma escolha consensual do próximo técnico do Peixe para não atrapalhar o planejamento. Já o candidato José Carlos Peres revelou preocupação com a dívida do clube.

Clima quente

O clima esquentou logo na primeira pergunta. Nabil Khaznadar questionou o atual presidente, Modesto Roma, sobre o aumento da dívida para meio bilhão de reais e sobre o mau desempenho das categorias de base nos últimos três anos.

“O Santos reduziu a dívida para R$ 200 milhões. Nós pegamos a gestão que você apoiou e foi conselheiro, que fez o negócio do Leandro Damião, da Doyen e a venda mal feita do Neymar”, respondeu Modesto Roma.

Na réplica, Nabil contestou os dados do atual presidente.

“Você teve as contas reprovadas pelo Conselho. Pela lei do profut você nem poderia se candidatar”, afirmou o candidato.

“O Santos não tem parecer de auditoria sem ressalva”, bradou Modesto.

Durante a resposta, Nabil disse que não era verdade a afirmação e irritou Modesto.

“É verdade e não vou discutir com você. Você me chamou de mentiroso”, gritou.

Neste momento, Modesto Roma teve atendido um pedido de direito de resposta.

Na sequência, o atual presidente questionou José Carlos Peres sobre a participação dele na negociação dos direitos de TV em 2010 e citou suposta carta da Federação Paulista negando a participação de Peres na negociação e alegando que o candidato pedia uma comissão a qual não teria direito. O líder da chapa 1 alegou que participou da negociação através do G4, grupo dos quatro grandes de São Paulo, e alegou que a carta foi feita pelas divergências entre a FPF e os líderes do G4.

Na sua participação, o candidato Andres Rueda indagou Nabil Khaznadar sobre a participação de empresários de futebol no financiamento da campanha e citou o “almoço grátis”. Ambos prometeram transparência na prestação de contas da campanha e condenaram a suposta participação de agentes de futebol no financiamento de chapas na eleição.

Para fechar o segundo bloco, José Carlos Peres perguntou ao candidato Andres Ruedas o motivo dele ter deixado o comitê de gestão durante o mandato de Modesto Roma.

“Fiquei por oito meses e fiz o que eu pude na parte administrativa, mas vi erros gravíssimos de administração. E o último motivo foi a venda do Geuvânio. O presidente estava acamada e todo o negócio foi conduzido pelo Comite de Gestão. A venda ficou acertada em torno de R$ 16 milhões, sem comissão de empresário, mas no outro dia ele foi vendido por R$ 11 milhões e com pagamento de comissão”, respondeu Rueda.

Papo com os vices

O terceiro bloco contou com a participação dos vice-presidentes de cada chapa. Os destaques ficaram para a participação de José Renato Quaresma (vice de Andres Ruedas), que afirmou ter deixado o Comitê de Gestão de Modesto Roma após a contratação de um treinador (Oswaldo de Oliveira) pelo alto investimento, algo negado por César Conforti (vice de Modesto Roma).

“Você participou dessa negociação, aceitou a contratação e depois deu uma resposta diferente”, disparou Conforti.

Enquanto isso, Orlando Rollo (vice de José Carlos Peres) destacou que a sua chapa conseguiu uma coalisão com vários grupos políticos do clube enquanto Fábio Pierry (vice de Nabil Khaznadar) destacou que nenhum integrante da chapa teve cargo remunerado durante a gestão de Modesto Roma

Estádio, Lucas Lima e valor da dívida

O quarto bloco começou com o atual presidente, Modesto Roma, falando sobre os planos para novo estádio do Santos. O mandatário respondeu que a Vila Belmiro é um território sagrado, mas citou que durante a sua gestão o Pacaembu recebeu 17% dos jogos do Peixe e admitiu estudos para uma Nova Arena em Santos na área do clube Portuários, do estádio da Caneleira (do Jabaquara) e em outros pontos da cidade.

“Falar em arena nova é meio temerário, é enganar o sócio. O Santos não tem condições de fazer uma nova arena”, respondeu Andres Ruedas.

Em seguida, o próprio Rueda confirmou ter emprestado dinheiro para o Santos pagar ao Internacional um valor referente a 10% dos direitos sobre o meia Lucas Lima e disse que o clube lhe pagou o empréstimo sem juros.

Nabil Khaznadar questionou a participação de José Carlos Peres na gestão Modesto Roma e o candidato alegou ter pedido a união entre os grupos na última campanha e ter trabalhado em um projeto com a China depois de ter recebido um convite do ex-presidente Marcelo Teixeira.

“Existem dois presidentes no Santos. Desde 2005 você (Peres) sempre teve cargo remunerado no clube”, afirmou Nabil, que logo em seguida foi questionado sobre o seu apoio ao ex-presidente Odílio Rodrigues.

“Por que você rejeita tanto o seu chefe Odílio Rodrigue? Trabalhei em todas as gestões. Todo profissional que trabalha tem que ser remunerado”, afirmou Peres.

No encerramento do bloco, o debate foi entre Peres e Modesto sobre a dívida do clube. O primeiro citou os bônus de R$ 60 milhões da TV Globo e R$ 40 milhões do Esporte Interativo durante a gestão e questionou o aumento da dívida mesmo com esse incremento de receita.

“Não é verdade que a dívida não para de crescer. Sei que você tem que sair mais cedo das reuniões do conselho porque você tem que ir para São Paulo. A dívida está em R$ 200 milhões”, atacou Modesto Roma, citando um balanço recente que aponta superávit do clube.

Para completar, Rueda citou entrevista do empresário do atacante Ricardo Oliveira à Espn Brasil alegando que seu cliente está há quatro meses sem receber os direitos de imagem do clube.

“O time está com superávit e os nossos jogadores estão com salários atrasados?”, questionou o candidato.

“Nosso presidente diz que está tudo lindo. Céu de brigadeiro”, completou José Carlos Peres.

Encerramento

Nas considerações finais, Modesto Roma destacou a necessidade de continuidade.

” Não podemos mais ter aventuras como tivemos nas gestões passadas. Precisamos do Santos crescendo, pagando as dívidas, não adianta falácias”, afirmou.

Já Andres Rueda destacou a necessidade de mudanças na diretoria do clube.

“As mesmas caras, os mesmos candidatos, as mesmas promessas da última campanha. Não muda nada. Se não fosse a minha participação seria tudo igual”, afirmou.

José Carlos Peres pregou a união do clube e a mudança nas relações com os agentes.

“Sou o único candidato que pode unir o Santos. Não terei empresário de estimação. Quero o time jogando 50% dos jogos em São Paulo e 50% em Santos”, afirmou.

Nabil Khaznadar levantou a bandeira do Pacaembu e citou a relevância dos integrantes da sua chapa.

“Nós teremos um time de notáveis. Vamos tirar a dormência do clube. Vamos alugar o Pacaembu. Dois clássicos pagam a conta”, afirmou.