Craque da Copa Nike sub-15 em 2017, Giovanni foi um dos atletas que ficou fora do Mundial (Crédito: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)

O Gerente Executivo das Categorias de Base do Santos, Marco Maturana, assinou no início deste ano o primeiro contrato profissional de quase todos os jogadores da categorias sub-17 do Santos. Isso tudo teve um motivo: o Mundial de Clubes da Juventude, em Madrid.

O Peixe e o Barcelona foram os únicos dois clubes que os organizadores da competição faziam tanta questão que participassem da disputa que pagaram todas as despesas das equipes. O intermediário que colocou o Santos na competição alertou para o perigo em levar atletas que tivessem apenas contratos de formação assinados, ou seja, não tivessem vínculos profissionais ainda.

“Se eu levasse e acontecesse o que aconteceu com o Caio Henrique, me criticariam por ter levado. Como não levei, me criticam por não levar… eu não posso correr o risco de perder o jogador. O intuito não é ganhar títulos, é formar”, explica Maturana.

Caio Henrique, ao qual o Gerente se refere, se destacou nas categorias de base santistas, disputou torneios na Espanha e chamou a atenção do Atlético de Madrid. Aos 18 anos, o Peixe se viu obrigado a negociar o atleta com os espanhóis pois, em nota, disse que “se esgotaram todas as tentativas de renovação de contrato”.

O problema é que três destaques da equipe não chegaram a um acordo para assinatura do primeiro contrato profissional: o zagueiro Derick, o lateral-direito Cadu e o meia Ivonei. Os pais dos atletas afirmam que o Peixe ofereceu muito pouco e que usou a competição internacional para ameaçar os jogadores, dizendo que, se os atletas não assinasse, não viajariam à Espanha. Pessoas ligadas ao Santos, no entanto, afirmam que a pedida dos jogadores foi muito acima convencional para um atleta de base e que, por esse motivo, não chegou-se a um acordo.

Além dos três, o Peixe ainda não conseguiu assinar com outros dois destaques: o atacante Kaio Jorge, que igualou Neymar ao marcar com apenas 15 anos na Copa São Paulo de Futebol Jr, e o meia Giovanni, eleito craque da Copa Nike sub-15 em 2017. Ambos se recuperavam de lesão desde o início da temporada, mas estariam em condições de disputar o Mundial, visto que os dois foram titulares na vitória por 1 a 0 sobre a Portuguesa Santista, pelo Campeonato Paulista Sub-17 no dia 26 de maio, enquanto o Peixe só estreou no Mundial no dia 28 do mesmo mês.

Nos últimos dias o Peixe separou o treino das gerações 2001 e 2002. A geração 2001 segue treinando no CT Rei Pelé e segue preparação para o Campeonato Paulista Sub-17, enquanto a geração 2002, que tem Kaio Jorge, Giovanni, Ivonei, Cadu e Derick, treina no campo do Portuários, clube da cidade, e irá disputar a Paulista Cup Sub-16. No entanto, ambos os grupos podem servir ao time sub-17, dependendo da escolha do técnico Luciano Santos.

“Nós definimos: sub-16 treina de manhã, sub-17 treina de tarde. Não tem represália”, explicou Maturana. Segundo a assessoria santista, a nova prática será adotada em todas as categorias do Peixe: do sub-11 ao sub-20 (com exceção do sub-23).

No entanto, a separação irritou ainda mais os familiares dos atletas, que estudam ir à justiça para conseguir a liberação do Santos. Protegido pela lei como clube formador, o Peixe tem o direito de assinar o primeiro contrato profissional do jogador a partir do momento que ele completa 16 anos até os 20 anos. Para deixar o Santos, o atleta precisaria ser pagar até 200 vezes o valor que o Peixe conseguir comprovar que gastou na formação do atleta, incluindo coisas como: escola, alojamento, alimentação, transporte e cuidados médicos. No caso de Kaio Jorge, estima-se que o valor esteja na casa de 3 milhões de reais.