Segundo colocado nas últimas eleições do Santos, com 1.139 votos, José Carlos Peres tenta a presidência do Peixe pela segunda vez. Empresário do ramo de informática, Peres foi o idealizador da ONG Santos Vivo e um dos responsáveis pela abertura da sub-sede em São Paulo.
Indicado pelo Santos, José Carlos Peres fez parte do G4 Paulista, movimento idealizado pelos quatro grandes clubes do Estado para conduzir negociações em conjunto. Após as últimas eleições, o empresário chegou a fazer parte da gestão de Modesto Roma Júnior em um projeto de internacionalização da marca do clube, mas deixou o cargo para começar a campanha de oposição ao presidente.
A entrevista de Peres abre a série de conversas do DIÁRIO DO PEIXE com os candidatos à presidência. Por ordem do número da chapa, a cada dia um presidenciável responderá a dez perguntas sobre os seus planos para o Santos. As questões são as mesmas para todos e nenhum candidato tomou conhecimento das respostas dos concorrentes antes de sua entrevista.
O candidato da Chapa 1 coloca a transparência e o incremento no número de sócios como prioridades para o seu mandato. Confira agora a entrevista com José Carlos Peres:
1 – Quais serão as prioridades de seu mandato?
Nosso projeto, disponível em nosso site, se estrutura em torno de 11 pontos principais. Destaco dois deles: o primeiro é a questão da transparência. Instituiremos um departamento de reputação onde serão definidas regras claras para todos os processos (compliance), auditoria interna permanente e o portal da transparência. O associado terá à sua inteira disposição as informações referentes à gestão, sobretudo no que se refere às finanças e ao pagamento das dívidas.
Outro destaque é o foco no sócio. Realizaremos logo no início um processo de recadastramento, criaremos faixas de benefícios diferentes atreladas a diferentes preços e instituiremos para valer o voto à distância.
Nossa meta é chegar a 100.000 sócios ao término da gestão. Meta condizente com o tamanho do clube e da torcida.
2 – Qual será o seu modelo de gestão?
No que se refere aos órgãos de governança, muita coisa vai mudar. O comitê de gestão terá um regimento interno que não teve até hoje. Será o órgão das decisões importantes. De forma clara e transparente. Já anunciamos três de seus componentes, cujos nomes têm de ser ratificados pelo Conselho Deliberativo. São eles Urubatan Helou, Hanie Issa Jr. e Fabio Gaia, mais do que três grandes santistas, três empresários que são referência no Brasil em seus ramos de atuação. Reservaremos algumas vagas para nomes vindos de outros grupos. O Santos estará unido em torno das melhores cabeças, independentemente da política.
Teremos uma gestão mais próxima ao Conselho Deliberativo, intransigente no respeito ao estatuto e aberta aos sócios, suas ideias e projetos.
Já na parte profissional, iremos modernizar a estrutura de todos os departamentos, ter os processos 100% informatizados e o mais importante: cargos preenchidos em função do mérito. Sem compadrio e sem empreguismo.
3 – Como pretende resolver a questão dos patrocínios da camisa do Santos? Qual é a sua meta para os patrocínios do clube?
A camisa foi desvalorizada na atual gestão, sobretudo nos primeiros anos. Uma grande rotatividade de patrocínios com marcas, respeitosamente, incondizentes com a grandeza da camisa do Santos. Isso é muito ruim.
O Santos proporcionará a seus parceiros possibilidades que vão além da simples exposição. Parcerias em que ambas as partes ganhem juntas, em que se valorize as possibilidades de ativação.
Importante dizer também que reputação e credibilidade são fundamentais. Cada notícia negativa – infelizmente elas são muitas – sobre o clube contribui para distanciá-lo de eventuais patrocinadores. Isso vai mudar, podem ter certeza.
4 – Como pretende administrar a dívida do clube?
Com responsabilidade e seriedade. Com transparência (inclusive com um portal da transparência mostrando os detalhes da dívida e a forma como está sendo paga). Pretendo também propor ao Conselho Deliberativo uma emenda ao estatuto que institua uma trava, proibindo o Comitê de Gestão de aumentar a dívida em um real que seja, sob pena de responder com o próprio patrimônio.
5 – Como você vê a discussão entre o Santos jogar na Vila Belmiro ou no Pacaembu? Qual é a sua preferência? Você defende a construção de um novo estádio?
Nosso projeto é muito claro em relação a isso. Jogaremos 50% dos jogos na capital, no Pacaembu. Essa discussão é desnecessária se houver clareza da direção em relação a isso. Todos sabem, dadas as características de nosso clube e da nossa torcida, que essa alternância é necessária.
Sobre um novo estádio, é óbvio que estamos abertos e atentos a possíveis parcerias. O mercado hoje já entende com muita clareza os modelos que deram certo e tudo o que for bom para o Santos será considerado. Se uma eventual nova arena for em Santos, nossa preferência é pela remodelação da própria Vila Belmiro.
6 – Quais serão suas prioridades para as divisões de base do clube? Vê a necessidade de construção de um novo Centro de Treinamento?
Sim. E já estudamos locais e parcerias para isso. Ainda que não seja possível a construção de um novo CT, como acreditamos que seja, o atual terá de passar por diversas intervenções. Nossa infraestrutura está muito aquém do necessário.
Além da estrutura, vamos mudar muita coisa na base, a começar pela captação de atletas, organizando peneiras por todo o Brasil. Lembrando sempre que mais do que o atleta, é necessário formar o ser humano, o cidadão e o profissional disposto a vencer no Santos.
7 – Quais são seus planos em relação ao futebol feminino e aos esportes amadores do clube?
Manter e incentivar o futebol feminino. Pretendemos associar nossa marca a diversas modalidades esportivas. Entendemos isso como uma boa forma de expansão da marca, mas tudo com o devido cuidado em relação às parcerias e investimentos necessários ao sustento de cada uma delas.
8 – Se eleito, você pretende manter Elano como técnico? Qual perfil de treinador você considera ideal para o Santos?
Elano tem potencial e muita identificação com nosso clube. Queremos investir na sua formação, inclusive promovendo oportunidades de intercâmbio com o exterior. Vamos conversar com ele nesse sentido.
O perfil que idealizamos é o de um profissional mais experiente, que compreenda características inerentes ao nosso time, como um futebol ofensivo, e que saiba trabalhar com jovens talentos.
9 – Você avalia que o clube precisa de reforços? Quais setores são mais carentes? Tem nomes que gostaria de trazer para o Santos?
Claro que precisa. Estamos estudando isso há algum tempo e atentos ao mercado. Mas, em respeito ao nosso elenco, não falaremos em nomes agora
10 – Qual Santos você espera entregar ao final de seu mandato?
Um Santos com mais saúde financeira. Um time vencedor e que revela jogadores. Um legado de profissionalização e, sobretudo, um clube unido e pacificado. Essa divisão, essa fragmentação política faz mal ao clube.
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