Eu acho que o Santos às vezes gosta de me sacanear. Toda vez que eu escrevo saudando o time e exaltando suas qualidades, logo no próximo jogo ele faz tudo ao contrário e quebra totalmente meus argumentos.

Quem mandou avisar o elenco que nós já estávamos classificados? Ah, se eu acho essa pessoa! Brincadeiras à parte, eu realmente acredito que se o Santos não soubesse da classificação, o jogo contra o Nacional seria outro. Muitas vezes parecemos a sala de aula que só quer passar de ano, que não quer ganhar estrelinha e nem parabéns dos professores, aquela que se satisfaz com uma nota média.

“O Santos é o time do DNA ofensivo, do futebol arte, aquele jogo rápido e bonito de se ver…”. Não podemos nos apoiar apenas em uma identidade que já passou, precisamos urgentemente nos encontrar novamente. Eu também sou apaixonada pela maneira como jogávamos há dez anos, só que as peças do nosso quebra-cabeça são outras e as novas jamais montarão a mesma imagem.

A maior qualidade e o maior defeito do torcedor santista é seu saudosismo. Trazer Diego e Robinho de volta não vai nos fazer voltar no tempo magicamente. Vamos olhar para frente. Faz 14 anos que o Diego foi embora do clube, a torcida do Flamengo está jogando pipoca na cara dele… Aquele time de 2010 foi realmente encantador, mas ele não existe mais.

Sejamos realistas. Temos um ataque extremamente qualificado, mas que nunca jogou junto. O torcedor está louco para ver Bruno Henrique, Sasha, Gabigol e Rodrygo como titulares, mas esse momento não chega. Estamos em uma grande maré de azar quanto a lesões, e vamos precisar conviver com isso. Não dá para esperar goleadas de um time que tem a formação ofensiva totalmente irregular.

Sabe quais certezas esse time tem? Um quarteto de zagueiros bons como eu nunca vi – sou uma eterna defensora do David Braz –, um goleiro absurdamente acima da média e um lateral que se encaixou perfeitamente na equipe. Temos um Alison no meio e um Renato sentado no banco. Esse é o Santos de 2018. Essas são nossas peças, não temos uma Crefisa para nos bancar.

O que a gente tem de entender é que se hoje temos um jogo chato, um time que joga por uma bola, que muitas vezes ganha sem merecer, leva sufoco até os 45 do segundo tempo, tem o azar de levar gol do Bahia no ultimo minuto, é porque a base do elenco proporciona isso. Somos um time instável.

Se você quer ver um jogo bonito, bem jogado, um time encaixado, assista ao Grêmio. Mas eu aposto com você que o time deles daqui a dez anos também será lembrado como O TAL Grêmio de Renato Gaúcho e que, provavelmente, se perder Arthur e Luan jamais terá o mesmo desempenho.

Futebol é feito de eras. A nossa maior missão é aprender com elas, tirar o maior proveito possível e, com isso, seguir em frente.

Minha empolgação não morreu, só está mais realista. Eu ainda acredito muito nesse elenco, não para jogar como em 2010, mas para aprender a ganhar como o time de 2018. Temos potencial, mas estamos nos equivocando em quem colocar nossas expectativas.

Sejamos o time de 2018. Criemos um novo estilo. Uma nova era.

#desacreditanão