A demissão de Jair Ventura não foi nenhuma surpresa para a torcida santista. Pelo contrário, para a maioria ele foi tarde. O Santos, apesar de classificado para as próximas fases da Copa do Brasil e Libertadores, poucas vezes convenceu em campo. A péssima campanha no Campeonato Brasileiro, competição em que o clube desde as primeiras rodadas briga lá embaixo e até já dormiu na zona do rebaixamento, é o retrato do futebol ruim que a equipe apresenta desde o começo da temporada.
Não vou questionar nesse momento escalações, a escolha por esse ou aquele atleta. Jair justificou nas entrevistas que deu até o momento após a sua saída que os reforços não chegaram a tempo. Ele também disse que os objetivos foram conquistados com as classificações, e que o mal começo no Brasileirão poderia ser recuperado. Duas verdades que ouvindo só um lado dá para pensar que Jair Ventura foi longe até demais com o que tem em mãos.
Mas a interpretação que Jair foi longe até demais logo muda olhando apenas alguns números.
Assim como a maioria dos jornalistas, nunca fui chegado na matemática. Na parte tática do futebol, sempre achei chato ficar analisando 4-3-3, 4-2-3-1, 4-4-2 ou a formação que seja. Meu vocabulário sempre foi se joga com três zagueiros ou atacantes, se é ala ou lateral, o simples. E nos cálculos simples da bola, me chamaram a atenção alguns números de Jair Ventura no comando do time.
Não me recordo de um treinador ter ficado SETE meses na Vila Belmiro com tantos insucessos. Jair dirigiu o Peixe em 39 jogos, somando mais derrotas que vitórias: perdeu 15 vezes, ganhou 14 partidas e empatou outras 10, um aproveitamento de 44,4%. No total, foram 117 pontos disputados e apenas 52 somados.
No campo, falava em escalar quatro atacantes, no discurso do DNA ofensivo do clube. Pois bem, foram 46 gols marcados e 40 sofridos, números quase idênticos de bola na rede lá como cá, algo impensável para qualquer time grande que sonha com títulos.
Na adolescência, eu pedia a troca do treinador após três derrotas seguidas. Hoje, considero muitas coisas antes de falar em mudanças. Acredito no trabalho de longo prazo e também acho inaceitável ficar pagando multas astronômicas para demissões de técnicos. Defendi Jair até a última semana, mas depois dos empates com Palmeiras e Chapecoense, partidas que a equipe pouco apresentou taticamente e tecnicamente, vivendo praticamente de bola parada e de Vanderlei, tive uma certeza: Jair foi longe até demais, pois evolução essa equipe não mostra desde as semifinais Paulistão, no mês de março, único momento que talvez a equipe tenha encantado no ano.
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