Quando o jogo começou a se encaminhar para as penalidades máximas, eu admito que senti medo, os últimos dez minutos foram duros e intensos. Arthur Gomes entrou com vontade e parecia que sairia de seus pés a classificação, e de fato saiu, mas da forma mais dramática possível.

Não é de hoje que as cobranças de pênaltis dão calafrios aos torcedores santistas. Temos um paredão no gol, isso ninguém pode negar, é o goleiro mais seguro que já tivemos em tempos – Vanderlei no Campeonato Brasileiro de 2017 defendeu um terço dos pênaltis cobrados contra ele.

Mas, então, de onde será que vem toda a nossa angústia? Sim, infelizmente vem dos batedores. Temos o famoso DNA ofensivo, somos o time do contra-ataque e da sede por gols, mas quando se trata de finalizações em momentos decisivos o Santos decepciona.

Desde a nossa última grande conquista, a da Libertadores da América de 2011, perdemos nos pênaltis para o Ituano em 2014 (Paulistão), para o Palmeiras em 2015 (Copa do Brasil) e para a Ponte Preta no ano passado (Paulistão). Essas derrotas têm algo em comum: o mau desempenho dos nossos zagueiros na hora da batida.

Em 2014, perdemos o título estadual para um clube pequeno depois do chute na trave de Rildo e do erro de Neto, um zagueiro. Em 2015, Fernando Prass espalmou a bola de Gustavo Henrique, outro zagueiro. Em 2017, após um gol milagroso no tempo normal, o zagueiro David Braz parou no goleiro Aranha em pleno Pacaembu.

Coincidência? Acho que não. Contra o Botafogo, quando o Lucas Veríssimo estava indo ao encontro da bola, eu pensei:  “Conversão de zagueiro, que medo”. Infelizmente, dito e feito, Lucas jogou para fora e, se não fossem o nervosismo e a total falta de técnica do fraco time de Ribeirão Preto, nossa classificação teria sido isolada junto com a cobrança.

Não temos um batedor oficial que nos ofereça segurança. Arthur Gomes cobrou extremamente mal contra o São Bento e desperdiçou uma cobrança na competição mais importante do ano, a Libertadores. Seria ele merecedor dessa função? Ainda estamos à procura de um camisa dez, seja dentro ou fora do elenco, e nos momentos mais complicados eu sinto o time sem uma figura imponente que bata no peito, carregue a responsabilidade e converta um belo chute. Gabriel jamais vai ganhar essa confiança se continuar perdendo a cabeça, Renato não aguenta mais 90 minutos e David Braz está inconstante em 2018.

Espero que o time melhore, que cresça e se desenvolva, o elenco não é ruim e consegue oferecer muito mais do que no jogo de quarta-feira. Que a postura da partida contra o Nacional seja o comum e não o atípico, esperamos por isso.