O ano de 2018 ficará marcado para o Santos, infelizmente, pela quantidade de conflitos e de interesses políticos no clube. Fofocas, mentiras, especulações e promessas que não passaram de grandes ilusões preencheram o ano do torcedor santista, que por muito tempo se sentiu descrente nas palavras dos dirigentes e no próprio clube.
A “bola da vez” é o relacionamento conturbado entre o presidente José Carlos Peres e o técnico Cuca. Desde o começo sabemos que quem de fato trouxe o treinador foi o ex-executivo de futebol Ricardo Gomes, no meio de uma confusão de nomes que iam de Luxemburgo a Osório – e na qual o favorito de Peres era Zé Ricardo. Esse conflito se manifestou na contratação dos estrangeiros, nas mudanças entre Vila e Pacaembu, nos pitacos sobre a posição de Bryan Ruiz e chegou ao ápice no amadorismo da gestão durante o “caso Sánchez”… Desavenças que fizeram com que Cuca não quisesse mais permanecer no clube e levaram à necessidade de uma reunião realizada nesta quinta-feira, dia 8.
O que me incomoda é que é mais um desacordo interno que pode ter consequências reais para o time. O Peixe de Jair Ventura fez 39 jogos (14 vitórias, dez empates e 15 derrotas) e o comandante deixou a Vila Belmiro com o time perto da zona de rebaixamento do Brasileiro, na 15ª colocação e com chorados 15 pontos – naquele momento, estávamos quebrando a cabeça para encontrar uma maneira de obter os 45 pontos que nos livrariam da zona da degola.
Como todo santista, eu não sei o que é a Série B, e sentir aquele “cheirinho” me agoniava. O ponto de virada dessa situação foi a contratação de Cuca. Em pouco mais de três meses, o bom ambiente foi restaurado, o medo da Segunda Divisão foi chutado para longe, a vaga na Libertadores de 2019 se tornou um sonho possível e contamos agora com o artilheiro do campeonato. É claro que o treinador não fez tudo isso sozinho, mas um bom elenco sem uma boa liderança não conquista nada.
A relação Cuca/Gabigol tem grande responsabilidade pela melhora do desempenho da equipe, o atleta foi de cinco para 16 gols, artilheiro da Copa do Brasil e, muito possivelmente, do Brasileirão, nunca mais esquentou o banco e é peça primordial para as vitórias do elenco. O único problema é que essa dupla tem data certa para se desfazer, já que o empréstimo do atacante vai até o fim do ano e a Inter pede R$ 22 milhões por uma renovação.
Peres selou sua amizade com o treinador com a famosa frase: “Ele toca o futebol, a gente, o administrativo”. Então, por favor, presidente, execute o seu poder administrativo para manter nosso treinador e fazer o melhor para manter também o artilheiro. Será imperdoável a perda de um deles por questões primárias de inimizades, nós, torcedores, não aguentamos mais ver o nome do Santos envolvido nesse tipo de polêmica.
Sabemos que os cofres não estão cheios e que mesmo com parte do dinheiro do Rodrygo não será fácil terminar o ano no azul, mas eu posso apostar que um ambiente ruim só diminui a chance da permanência deles e que quando as ofertas aparecerem, pode ter certeza de que a gestão organizacional e a convivência no dia-a-dia farão a diferença na decisão.
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