É muito bonito ver os clubes se movimentando contra casos de abuso sexual, dá até uma pontinha de orgulho desse tipo de atitude, mas, especificamente no caso do Robinho, eu me pergunto se fariam o mesmo se fosse um jogador com o número de gols do Harry Kane em 2017, ou com toda a publicidade de um Cristiano Ronaldo… Sinceramente, eu acho que não.

O Atlético-MG diz que não renovou com o Robinho pensando no bem-estar das mulheres torcedoras do Galo, mas foi esse mesmo clube que apresentou seu novo uniforme de forma machista em 2016, com modelos usando apenas a camisa do time e biquínis.

O Santos está preocupado com a consequência desse julgamento, pois, além da conservação da imagem, se a Justiça italiana confirmar sua condenação, Robinho pode ser proibido de jogar em alguns países sul-americanos. Isso prejudicaria o rendimento em campo na Copa Libertadores da América e custaria dinheiro ao clube.

Eu quero realmente acreditar que diretoria está preocupada com as torcedoras acima do prejuízo financeiro. Eu quero realmente acreditar que o Robinho é inocente, foi o seu futebol que me deu vontade de ser santista, o número sete está estampado na primeira camisa que eu ganhei. Seria uma enorme decepção para mim. Mas, sinceramente, enquanto o caso não acabar a diretoria não deveria demonstrar nenhum tipo de interesse no Robinho.

Dizem que as conversas esfriaram com o novo presidente, mas, ao mesmo tempo, a advogada do Robinho, Marisa Alija, alega que Peres deveria se preocupar em manter o trabalho de Modesto Roma Júnior e não se envolver tanto com a vida pessoal do jogador. O que não faz sentido algum, pois estamos contratando um ser humano, e não só um jogador de futebol. Bom, se formos seguir esse pensamento, então não há problema nenhum no goleiro Bruno vestir a camisa do Boa Esporte… Já que dentro de campo ele nunca foi agressivo.

No ano passado, no 3 a 2 sobre o Flamengo, no Pacaembu, eu queria muito ter ido ao jogo. Eu tinha disponibilidade e vontade. Meu pai vetou por medo, ele disse que não tinha como eu ir sozinha a uma partida daquelas. Foi um dos jogos mais emocionantes do ano e eu vi pela televisão por pura insegurança.

Não façam nada para as mulheres, e sim pelas mulheres. Uma dica: a camisa não precisa ser rosa para nos atrair, basta nos servir e não custar mais do que 250 reais na maior parte do ano. Demonstrem que se importam e valorizam a nossa presença. Já é uma batalha diária ser mulher e gostar de futebol, não criem mais barreiras para essa nossa luta. Queremos respeito e segurança.

Jogue por nós também, Santos Futebol Clube.