Karel Brückner foi o técnico da República Tcheca na Copa de 2006 e nos oito anos em que comandou a Seleção foi semifinalista de uma edição da Euro e chegou a ter uma série de 20 jogos sem derrota no cargo. Ao perguntado certa vez sobre a sua filosofia de liderança, Brückner soltou uma frase mais ou menos assim:

“O meu trabalho é mostrar aos jogadores que eles não são tão bons como as vitórias mostram e nem tão ruins quanto parecem nas derrotas”.

A frase cabe perfeitamente ao momento do Santos. Depois das quatro primeiras atuações no Campeonato Paulista, uma certa euforia tomou conta de torcedores e jornalistas. O Peixe venceu a Ferroviária e amassou São Bento, São Paulo e Bragantino.

Isso basicamente com o mesmo time que foi 10o colocado no Brasileirão de 2018 e sem algumas peças importantes, como Gabigol, Dodô e Bruno Henrique. Muito mérito foi dado ao trabalho de Jorge Sampaoli, com certa razão. Mas as carências ainda estavam lá e o próprio treinador fazia questão de destacar a cada entrevista coletiva a necessidade de reforços para o elenco.

Veio a goleada sofrida diante do Ituano e muita gente aproveitou a mágoa para destilar veneno em redes sociais e programas que vivem de polêmica. Parece que havia dado meia-noite e a carruagem santista havia virado abóbora.

Menos, bem menos.

O Santos é um time muito bem treinado e com uma proposta de jogo que faz muito bem ao clube e ao futebol. Foram 78% de posse de bola diante do Ituano. Jogadores entenderam a proposta do treinador e melhoraram com ele, como Jean Mota, artilheiro do Paulistão com quatro gols. O Ituano jogou no erro do Peixe e, infelizmente, alguns jogadores erraram e o time do interior aproveitou com uma precisão incrível. Acontece.

Mas também ficou claro a falta do lateral-esquerdo. Copete, que atuou na posição, errou em algumas coberturas porque não está acostumado a fazer a função. Ficou claro a falta de um 9. O Santos cruzou diversas bolas para a área para os baixinhos Soteldo, Derlis e Jean Mota. O meia ainda conseguiu fazer um gol assim.

Sem contar os erros individuais da defesa, especialmente de Felipe Aguilar (que está apenas no terceiro jogo no clube). E a bola de Derliz González que entrou diante do Bragantino passou raspando a trave do Ituano. Acontece.

O Santos não era tão bom quanto o início mostrou e nem tão ruim como pode ter parecido na derrota para o Ituano.

O importante é saber que temos um caminho, mas ainda precisamos de mais gente para completá-lo.