O torcedor santista foi atingido pelo sentimento inabalável de empolgação, mas desta vez ela não só é válida como muito bem pautada em fatos e estatísticas. Temos a mesma pontuação que tínhamos no fim da primeira fase do Campeonato Paulista de 2018, com cinco rodadas de antecedência; fizemos 19 gols durante toda a competição passada, atualmente já somamos 16. E temos o artilheiro mais inimaginável: Jean Mota tem mais gols do que o time inteiro do Corinthians e só esse fato já seria suficiente para nos deixar entusiasmados.
A questão agora é o que fazer com essa sensação e com o embalo do bom momento. Vivemos tempos brilhantes na qualidade e na execução do bom plano de jogo, mas não podemos nos esquecer do quão inconstante e surpreendente é o futebol e da administração desorganizada que temos.
Fomos o último clube do Campeonato Brasileiro a fazer sua primeira contratação, até o próprio Jorge Sampaoli pensou em deixar o comando do time devido à demora. A torcida exigia novos jogadores, principalmente com a saída de Gabriel, Bruno Henrique e Dodô. O clima estava pesado e a pressão aumentava.
No dia 12 de janeiro demos o primeiro passo, US$ 3,5 milhões por Yeferson Soteldo para um contrato de quatro anos, um reforço pouco contestado, jovem e com bom retrospecto. Depois vieram os nomes mais questionados, Felipe Aguilar e Everson, não por suas qualidades, mas pelas posições, mas no fim a torcida concordou em entrar de cabeça na estratégia do treinador. Somando um gasto de R$ 32 milhões até então.
Jean Lucas chegou finalmente, depois de uma negociação conturbada, e por fim veio Christian Cueva, R$ 26 milhões, segundo maior investimento da história do clube, depois do embaraço Leandro Damião. Nem os próprios santistas estavam acreditando, e em se tratando de uma torcida sedenta por grandes títulos há oito anos, cada novo atleta é comparado a uma conquista de campeonato.
Parece que o departamento financeiro pegou gosto por assinar cheques e isso assusta porque muita empolgação gera uma insanidade que leva a nomes como Love, Hulk, Jonas e Pato. Não é preciso muito esforço para lembrar que nomes superestimados não têm a tendência a serem bem-sucedidos no Santos: Eduardo Sasha, Bryan Ruiz, Vecchio, Leandro Damião e Leandro Donizete são alguns deles.
Na década passada, passamos por um período parecido quando contratamos Rincón, Edmundo e Marcelinho Carioca, entre outros. O dinheiro envolvido nessas negociações e salários custou ao clube uma dívida que só foi quitada em 2017. A diferença é que naquela época nós sabíamos de onde estava vindo o dinheiro, agora ninguém sabe ao certo. A primeira parcela da venda do Rodrygo já foi usava para cobrir dívidas, já pedimos o adiantamento da segunda e o dinheiro do Bruno Henrique chegará em três parcelas que não pagam nem o Cueva. Felipe Jonatan já treina em solo santista, o lateral Jorge está perto de chegar, Michael, do Goiás, e Jobson, do Red Bull Brasil, não foram descartados e, mesmo com todos eles, ainda faltará o tão sonhado centroavante.
É claro que contratações animam e dão esperança ao torcedor, mas isso não significa que a diretoria deve jogar milhões para o alto esperando que dê certo. Já somos o terceiro clube que mais gastou em 2019, não lotamos o estádio nenhuma vez e não temos nem patrocínio master confirmado ainda.
Só peço que a torcida seja presente, que olhemos para as contratações com uma atenção mais minuciosa, afinal quantidade está longe de ser qualidade, e todos nós sabemos como as coisas são feitas no Santos. Inicialmente tudo parece correto e depois de anos aparecem processos, dividas e milhões a serem pagos. Vamos usar nosso olhar de torcedor para sermos críticos, prestativos e fazermos cobranças consistentes, não adianta só contratar, deve ser um orgulho e uma honra vestir a nossa camisa e jogar na Vila Belmiro. E, por fim, sejamos presentes fisicamente, que nosso amor e calor sejam sentidos, nossas vozes e gritos, ouvidos. Vamos ao estádio, torcedor! Empolgue-se de forma inteligente e demonstre sua empolgação.
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