Os últimos jogos do Santos deixaram o torcedor um tanto quanto confuso, tem gente até falando que não precisamos mais de centroavante, já que temos o Sasha… As últimas performances, de fato, bagunçaram a cabeça do santista.
Quando o Sampaoli soltou a escalação do jogo contra o Grêmio – com Sasha titular e Derlis, Rodrygo e Sánchez no banco -, eu acredito que 100% das pessoas exigiam explicações para tal falta de sanidade. Passados 90 minutos, ninguém criticava mais nada. Contra o Fluminense, novamente tivemos Sasha em campo e, desta vez, Victor Ferraz fora dele, com Lucas Veríssimo na lateral, mas aí o torcedor já estava no modo “in Sampaoli we trust” e iria concordar com qualquer que fosse a formação.
Contra o CSA, mais mudanças. Soteldo veste o colete e Cueva inicia a partida. Alison, nosso volante incontestável, ainda não foi titular em nenhum jogo do Campeonato Brasileiro, e olha que o Jobson nem começou a ser escalado. Zagueiro e volantes já foram laterais, lateral já virou meia, todo tipo de atacante já tentou ser centroavante, e essas são só algumas mudanças que o técnico já fez no torneio nacional.
O santista não está acostumado a ter um banco qualificado, necessitar de um reserva sempre foi um tormento para nós. Reserva era aquele último caso, que só entrava quando alguém se machucava e normalmente gerava um sofrimento. Nós nos acostumamos a bitolar cada jogador em uma única função e a pensar que os mesmos 11 sempre vão jogar, independentemente de o jogo ser em casa ou fora, pontos corridos ou mata-mata.
Estamos aprendendo com o nosso comandante que o rodízio não precisa ser só entre Vanderlei e Everson e que nosso time tem condições de se adaptar. Dá para ser o Santos ofensivo com três zagueiros, dá para marcar gols com Rodrygo e Derlis no banco e até o nosso capitão pode entrar no segundo tempo. Antes nem era preciso olhar a escalação, já sabíamos. Agora temos prazer em pesquisar e ver quem vai jogar. E, mesmo sabendo os nomes, só conseguimos entender totalmente a ideia de jogo quando o apito toca.
Sampaoli fecha os treinos, não dá entrevista antes das partidas e esconde seu plano de jogo até mesmo dos seus atletas, que só sabem quem vai jogar no vestiário. Parece um esquema que jamais daria certo no Santos, mas, acima da organização e do senso de responsabilidade que ele impõe, o argentino está mudando a mentalidade, profissionalizando as decisões da comissão técnica e, como consequência, seu trabalho ganha credibilidade.
Hoje somos mais do que os mesmos 11 de sempre, todos têm chances iguais de entrar em jogo e de ficar no banco, não existe mais vaga garantida. Essa sensação de incerteza engrandece a competição saudável, fortalece o elenco e dá ainda mais responsabilidade aos escolhidos para jogar. Quanto aos torcedores, isso nos torna menos preconceituosos, damos menos peso às peças e valorizamos o coletivo, o esquema de jogo. Todos estamos em contínuo aprendizado.
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