Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o técnico Jorge Sampaoli tocou em um ponto fundamental para o futuro do Santos. O treinador justificou a não utilização de jogadores das categorias de base pela falta de atletas de destaque e citou os resultados ruins das equipes sub-23 e sub-20 (esta última ocupa apenas a 16a colocação no Brasileiro).
O DIÁRIO DO PEIXE já alertou para os problemas nas categorias de base do Peixe há algum tempo (veja aqui). Os processos todos na base são mal conduzidos pela falta de profissionais capacitados para a realização de um bom trabalho.
Porém, o problema é ainda maior. O Santos está muito atrás dos principais clubes do país na estrutura que oferece para as categorias de base. O CT Meninos da Vila está obsoleto. Após a sua saída do clube, a ex-técnica das Sereias da Vila, Emily Lima, afirmou que muitas vezes não teve a chance de treinar no CT Meninos da Vila porque as chuvas deixaram o local alagado.
Os principais jogos das categorias de base foram transferidos para o estádio Ulrico Mursa, que tem um gramado de péssima qualidade. Os jogadores não podem desenvolver um jogo de troca de passes pelos buracos no campo. No último domingo, para piorar, o time sub-17 fez o clássico contra o Palmeiras em um lamaçal (veja a foto acima).
Uma das promessas de campanha do presidente José Carlos Peres foi a construção de um novo centro de treinamento. Passamos da metade do mandato e nem local para o CT o Santos tem. Nesse período, o Santos fez a “maior venda das Américas”, a transferência de Rodrygo para o Real Madrid. O Peixe lucrou quase R$ 200 milhões.
O Mirassol recebeu R$ 6 milhões pela transferência do atacante Luiz Araújo do São Paulo para o Lille, da França, e usou os recursos para a construção do seu Centro de Treinamento, com quatro campos oficiais. Nesta quarta, Santos e Mirassol se enfrentam pela terceira fase do Paulista Sub-20. Na última semana, empataram em 2 a 2 em Santos.
O nível de exigência de Jorge Sampaoli (não apenas na base) gera um outro problema grave no Santos. O clube nunca esperou os garotos revelados na base estarem “prontos” para que eles fossem colocados na equipe profissional. Sempre foi muito comum promover os atletas e esperar que eles respondam pela qualidade individual.
Nessa hora, lembramos de Diego, Robinho, Neymar e Ganso, por exemplo. Atletas que renderam muito também no profissional. Mas a lista de garotos jogados na fogueira antes do momento certo e “queimados” apresenta, com certeza, muito mais nomes.
O sucesso das estrelas (e suas vendas milionárias) salvavam o clube e escondiam a inexistência de um processo planejado para o aproveitamento dos jogadores da base. Sempre foi uma coisa muito empírica.
Com Sampaoli não vai ser.
Mas será que ele vai ter o jogador pronto que espera nas condições que são oferecidas atualmente pelo clube?
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