No Brasil tem essa história de meses terem cores. São campanhas para conscientizar sobre algumas doenças. A mais famosa é o outubro rosa, que remete ao câncer de mama, e o novembro azul, que tem como objetivo conscientizar sobre o câncer de próstata. O torcedor do Santos que segue o time nas redes sociais deve ter visto que o mês que começa hoje, setembro, é o mês amarelo que trabalha pela prevenção do suicídio.
Esse é um tema considerado tabu. Pouco se fala sobre suicídio porque há a ideia de que, ao se falar sobre o assunto, pode se estimular outras pessoas a tirarem a própria vida. Essa é uma verdade repetida há muitos anos, mas que tem mudado. Porque há o outro lado: não se pode varrer esse problema para baixo do tapete.
Nem sempre é confortável falar sobre temas delicados. São incômodos, geram comentários infelizes- nesse caso, pode ter gente chamando de frescura, de mimimi e afins. Mas é preciso.
Nesta semana foi muito legal e importante ver o Santos postando sobre o Setembro Amarelo, dando informações e dados sobre o suicídio e, também, informando sobre o CVV, o Centro de Valorização da Vida (é só ligar 188).
Particularmente, gostaria de ver sempre o Santos se posicionando dessa forma, mesmo que sejam assuntos considerados “tensos”. Vejo o esporte como um importantíssimo agente de mudança social com grande impacto social.
A partir do momento que o seu time do coração aborda um assunto e mostra que é importante, você para para pensar. Se você não conhecia os números do suicídio do Brasil, por exemplo, e viu tudo isso no Twitter do Santos, o time já gerou uma reflexão em você.
O Santos foi muito bem nesta semana, mas é preciso ir além. Me decepcionou muito, muito mesmo, a instituição não ter se posicionado mais fortemente em relação às queimadas na Amazônia, coisa que muitos outros clubes fizeram.
O mais importante, e que falta muito, é a questão da homofobia no futebol. A única manifestação recente foi a coletiva de todos os times da série A, que agora perdem pontos caso a torcida faça cânticos homofóbicos. E falta.
Quando o Santos se posiciona e diz que homofobia não tem espaço, o torcedor reflete. O torcedor passa a saber que, ali, na arquibancada santista, no jogo do Santos, ele não pode destilar o ódio gratuito dele contra homossexuais. Aliás, vale dizer que isso é crime. E justamente por isso um post coletivo não é suficiente. É preciso ser forte, contundente.
O mesmo vale para o racismo – apesar de eu não saber de casos recentes em jogos do Santos. Ainda assim, é preciso falar sobre o assunto. É preciso marcar posição. Isso define o caráter da instituição.
Acho que o Santos tem uma atuação relevante em relação ao machismo, especialmente por ter um fortíssimo time feminino e sempre divulga os jogos da Sereia da Vila. Há uma equipe específica responsável pela comunicação da equipe feminina, por exemplo. Ainda assim, é preciso dar mais espaço: deixa-las jogarem na Vila Belmiro, providenciar o uniforme principal ao mesmo tempo que foi dado ao masculino, coloca-las nos vídeos da Santos TV.
Se mostrar igualitário, crítico à homofobia, ao racismo, às injustiças sociais é importante. Porque mostra quem o clube quer ser e pra quem o clube quer ser. O futebol deve ser de todos. O Santos deve ser de todos. E isso tudo depende e como a instituição se posiciona.
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