Antes de analisarmos os erros que provocaram a eliminação do Peixe na Copa do Brasil, é preciso começar esse texto deixando claro que o DIÁRIO é contra a saída do presidente José Carlos Peres antes do final do seu mandato (existe uma movimentação no Conselho Deliberativo com esse intuito) e também contra a demissão do técnico Jorge Sampaoli.
Dito isso, podemos culpar CBF, presidência, técnico e jogadores pela eliminação diante do Atlético-MG na noite desta quinta-feira, no Pacaembu, em São Paulo. Todos eles tiveram algum erro durante o processo que culminou com a terceira eliminação do Santos na temporada.
O primeiro erro foi da diretoria do Peixe. Quando a CBF divulgou as datas das oitavas de final da Copa do Brasil estava claro que uma delas (eram quatro) poderia prejudicar o clube pela possível ausência dos jogadores estrangeiros. O Santos deveria ser pró-ativo e pedir para jogar em duas das três primeiras datas. Mesmo com um confronto do Atlético-MG pela Sul-Americana nesses dias, seria possível chegar a um acordo.
A diretoria do Santos esperou até o dia 10 de maio para mandar um ofício para a CBF pedindo a mudança da data, depois de toda a tabela e a grande de programação de TV terem sido divulgada. Era claro que a entidade não aceitaria o pedido. O Peixe foi eliminado sem Derlis González e Cueva. E correu o risco de ficar sem Felipe Aguilar, Carlos Sánchez e Soteldo.
O segundo erro foi em relação ao local do jogo. Inicialmente, a partida foi marcada para a Vila Belmiro, mas a diretoria do Santos pediu a mudança para o Pacaembu pensando na arrecadação e a CBF atendeu no dia 6 de maio. Quatro dias depois, a diretoria aceitou a pressão do técnico Jorge Sampaoli e dos jogadores e solicitou a alteração para a Vila Belmiro. A CBF chegou a atender o pedido do Peixe e no dia 27 de maio alterou o jogo para a Vila (com ofício para o clube e nota publicada no site da entidade), mas a alteração não durou mais de uma hora.
Nesse dia a CBF errou, provavelmente como uma retaliação pela não apresentação do atacante Rodrygo à Seleção Sub-23. O ofício do Santos foi enviado dentro do prazo e não haveria qualquer impedimento para a marcação do jogo para a Baixada santista.
O erro da CBF provocou outro erro do Santos. A decisão do local da partida foi confirmada no dia 27 de maio. O Peixe só abriu a venda de ingressos para o jogo no dia 31. Foram quatro dias dando murro em ponta de faca, com a insistência da partida na Vila Belmiro. Quatro dias a menos para os torcedores comprarem ingressos para o jogo.
Aliás, a forma como o Santos discute Vila ou Pacaembu é outro erro. Técnico e jogadores estão a todo momento na imprensa falando da preferência pela Vila e o presidente sobre a necessidade do Pacaembu. Esse tipo de assunto tem de ser discutido internamente e a decisão tomada de cima para baixo. Falta um comando. Alguém precisa chegar para a comissão técnica e jogadores e explicar que o Santos vai jogar nos dois estádios, mostrar o calendário, escolher os jogos em conjunto e depois multar quem protestar contra o local. Simples assim.
Além de demorar para iniciar a venda dos ingressos, a diretoria errou na precificação. Os valores estavam realmente altos. Não se faz futebol de alto nível com ingressos baratos, é verdade, mas alguns casos devem ser analisados de forma mais ampla. O Santos teve uma arrecadação bruta de cerca de R$ 800 mil diante do Atlético-MG, mas perdeu R$ 3,1 milhões só de premiação pela classificação para as quartas. Não seria melhor jogar com estádio lotado, com uma arrecadação um pouco menor, mas com o adversário jogando com muito mais pressão?
Sobre Rodrygo, podemos questionar a decisão da CBF de não liberá-lo da convocação para o Tormeio de Toulon, mas a entidade manteve uma postura desde a convocação. No dia 16 de maio o DIÁRIO DO PEIXE entrou em contato com a assessoria de imprensa da CBF e a posição informada foi a mesma mantida até o momento: nenhum jogador seria liberado da convocação (leia aqui).
Rodrygo atuou contra o Internacional e deu entrevistas dizendo que o pai havia lhe informado sobre um acordo, negado tanto pela CBF quanto pelo Santos. E novamente lá foi o Peixe insistir na liberação.
Esse tipo de situação provoca um desconforto entre elenco e comissão técnica. O treinador não sabe se pode contar com o jogador, fica na dúvida na preparação da equipe. Depois, quando as decisões finais são desfavoráveis ao clube, gera um clima no vestiário de fragilidade nos bastidores, cria a teoria da conspiração de que “todos estão contra o Santos”, de que o elenco está sozinho nas batalhas e gera um desequilíbrio emocional. Chega o jogo e o VAR altera uma decisão de expulsão de um adversário e esse sentimento só aumenta, criando ainda mais instabilidade.
Sobre o jogo e a entrevista após ele, o técnico Jorge Sampaoli errou muito. Primeiro porque o Santos não precisa de um jogador “fazendo favor” em campo (Uribe). Era o jogo mais importante do ano e se o “camisa 9 dos sonhos” não estava 100% teria sido melhor escalar Eduardo Sasha que, diga-se, é o artilheiro do time no Brasileirão e autor do gol da vitória diante do Ceará no último domingo, estava em alta, confiante.
Depois, o treinador abriu a equipe sem necessidade. O Santos ficou muito exposto no segundo tempo. Para piorar, Jorge Sampaoli tirou o zagueiro mais rápido do trio inicial, Felipe Aguilar. Para jogar com a linha alta os zagueiros precisamos ser rápidos. Não fez sentido a mudança.
O modelo de jogo do técnico argentino é ótimo, faz muito sentido no Santos, o trabalho é bem feito até agora, mas o Santos não pode ser refém de um modelo de jogo. Existe a hora para dar um chutão, para jogar mais fechado, para explorar os contra-ataques. O treinador teve tudo que pediu até agora, foram mais de R$ 70 milhões gastos em contratações (nunca antes na história desse clube….). Não adianta jogar bonito apenas, o time precisa ganhar. E dá para ter as duas coisas.
Aqui entra outro erro. Com a intenção de agradar Sampaoli, o presidente José Carlos Peres contratou até um diretor de futebol com currículo inexpressivo pela indicação do técnico. Com a saída (ou afastamento) ainda mal explicada de Renato, o departamento de futebol não tem comando algum. Quem vai cobrar o técnico pelas decisões erradas? O presidente? Ele deveria ter trabalho mais importante a fazer.
Por último, os jogadores também tem parcela de culpa. Everson e Gustavo Henrique pelo primeiro gol, Jean Mota e Jorge pelo segundo, muitos pela falta de atitude e vontade. O DIÁRIO não gosta do termo “geração do quase”, mas jogos como o desta quinta-feira deixam claro a falta de uma mentalidade vencedora no time, de jogadores que assumem o peso de vestir a camisa sagrada e deitam e rolam com ele.
O elenco precisa de jogadores vitoriosos. Do jeito que está, mesmo com os R$ 70 milhões gastos, nem no quase vai chegar em 2019.
Exatamente não tiro nem acrescento texto perfeito!
O Santos causa indignação, você vê o time da marginal joga por prato de comida com Gana de vencer!
Falta isso no Santos..infelizmente!
O texto é tão perfeito que quem o escreveu deveria se identificar para ser devidamente elogiado e reverenciado. Uma opinião que expressa exatamente meu sentimento e por que não dizer da torcida santista.