Tática é uma parte importante de um jogo de futebol, mas é apenas uma parte, não o todo, e nem é a parte mais importante. Jogadores não são robôs programados para entregar um resultado independentemente do ambiente externo.
O Santos de Cuca mostra na Copa Libertadores que o lado humano, psicológico, tem papel fundamental na conquista de resultados no futebol.
O Peixe atropelou o Grêmio nesta quarta-feira, na Vila Belmiro, com um time muito mais movido por um “doping motivacional” do que pela tática, que também se fez presente.
Já escrevi nesse espaço que o Cuca é um técnico que precisa do caos. Quanto pior o cenário, mais o trabalho dele aparece. E a narrativa do caos estava toda construída para a partida desta quarta: time prejudicado no primeiro jogo, Soteldo com Covid, Diego Pituca suspenso por cartão polêmico, time goleado pelo Flamengo no último jogo e jornalistas apostando que o Grêmio venceria com tranquilidade.
Então, Cuca foi mais Cuca do que nunca. Na véspera do jogo, o time passou mais tempo no auditório do que no campo. Zé Roberto deu uma palestra motivacional para os jogadores do Peixe (minha dúvida é se ele pediu para baterem no peito e falarem “O Santos é grande”).
Na chegada ao estádio, fotos dos atletas com frases motivacionais no vestiário. Certamente, os prints de frases de jornalistas que Carlos Sanchez publicou nos stories do instagram também já haviam circulado no grupo de whats dos santistas. O problema com Pará no aquecimento foi mais um ingrediente do “contra tudo e contra todos”.
O Santos entrou em campo como se fosse o último jogo da vida dos atletas e Cuca entrou com uma camisa com a imagem de Nossa Senhora. O Grêmio entrou para mais uma partida de futebol. Em menos de dois minutos, o Peixe já vencia por 1 a 0 e poderia estar 2. Foi um atropelo.
Como disse antes, o Santos também teve alguns componentes táticos importantes. Alison foi encarregado de fazer marcação individual em Jean Pyerre e colocou o gremista no bolso. Eu sei que no tatiquês marcação individual é quase uma heresia, mas funcionou.
Mas o Santos não jogou com a “linha alta na defesa”, não fez a “pressão pós-perda”, não teve 78,6% de posse de bola (teve 30% segundo o sofacore).
O Santos correu (muito). O Santos lutou (demais). O Santos fez gol de contra-ataque (de manual, com Sandry e Lucas Braga brilhando). Fez gol de bola parada. Por muito pouco não fez gol de lateral.
Para confirmar o cenário motivacional, Kaio Jorge pediu mais respeito ao Santos na entrevista pós-jogo.
É muito difícil manter esse nível de motivação nas 38 rodadas do Campeonato Brasileiro. Mas na Copa Libertadores só faltam três jogos. A chance de título é real.
Eu, de verdade, nem me preocupo com as possíveis saídas de Lucas Veríssimo, Luan Peres, Diego Pituca e Soteldo. Seriam mais combustíveis para o nosso Cucabol.
Já tô vendo o Peixe campeão com gols de Laércio e Arthur Gomes.
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