O presidente eleito do Santos, Andrés Rueda, terá um grande teste logo em seus primeiros dias de mandato: resolver a situação do zagueiro Lucas Veríssimo. A decisão do presidente vai dar para o mercado externo e interno uma grande sinalização de como será a sua gestão.
Nas entrevistas durante a campanha, Rueda afirmou odiar o futebol em que jogadores, empresários e diretores ganham muito dinheiro e os clubes ficam falidos. E logo nos primeiros dias terá de resolver uma situação onde o jogador ganha, o empresário ganha, mas o Santos perde (a proposta do Benfica é claramente ruim, um “insulto”, como disse o próprio Rueda).
O futebol é um meio muito paternalista. Dirigentes, técnicos, empresários, assessores, todos, em geral, passam a mão na cabeça dos atletas. Eles nunca estão errados, sempre tem razão quando pedem algo e, se alguma coisa sai da normalidade, a culpa não é deles.
Eu brincava nos meus tempos de cartola que é só o “venha a nós” e nada do “vosso reino”.
Lucas Veríssimo ampliou em seis meses seu contrato em outubro. Teve aumento salarial. Se está incomodado com o que aconteceu durante a gestão de José Carlos Peres, quando foi oferecido a diversos clubes, mas nunca foi negociado, não deveria ter ampliado o contrato.
O presidente Orlando Rollo chegou a dizer que deu o aumento e prorrogou o contrato para convencer o jogador a ficar no clube.
Parece que não adiantou.
A decisão de Rueda vai ser importante para dar um exemplo para os outros atletas. Nesta terça, vendo a diferença de tratamento entre o seu caso e o caso Veríssimo, o volante Diego Pituca reclamou publicamente da diretoria do clube. É mais um caso de atleta do Santos reclamando do clube.
Privilégio, tratamento diferente para alguns atletas acaba com vestiário. Não podemos viver do “aos amigos tudo, aos outros a lei” dentro de um clube de futebol.
Se Rueda liberar Veríssimo antes das semifinais da Copa Libertadores, será um sinal claro de que a nova gestão seguirá como as outras: refém dos jogadores.
Se Veríssimo ficar, jogando ou não, será um sinal claro de quem manda é o clube, que o Santos é muito maior do qualquer atleta.
Diz o ditado que, se conselho fosse bom, seria vendido.
Bom, mas aqui vai um para o Rueda. Chama o Veríssimo no dia 2 para uma reunião na Vila Belmiro. Durante a conversa, desça com ele para o Memorial das Conquistas e peça a ele para procurar o seu nome ou sua foto lá.
Ele não deve encontrar. Veríssimo não tem um título como titular do Santos.
Ele vai ver Durval, Edu Dracena, Alex, André Luís, entre tantos outros, levantando Taças com a camisa do Santos.
Lucas Veríssimo está a três jogos de colocar sua foto e seu nome no Memorial das Conquistas de um dos maiores clubes do mundo.
Isso não tem preço. Não é algo que o Benfica possa pagar.
E, se estiver no Memorial no final de janeiro, Veríssimo terá propostas melhores. O Santos também.
E todos viverão felizes para sempre.
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