Jesualdo Ferreira afirmou que o Santos fez seu pior jogo contra a Ferroviária (Crédito: Caíque Stiva)

Eu queria escrever muitas coisas sobre o desempenho do Santos em 2020, mas aposto que alguns torcedores iriam dizer que somos viúvas do Sampaoli e que não dá para analisar o trabalho de um técnico em seis jogos.

Por isso, eu não vou escrever que o Santos não mostra qualquer evolução no Campeonato Paulista. O desempenho e as propostas são os mesmos da estreia contra o Bragantino, como escrevi aqui.

Não vou escrever que não podemos deixar o Alison na saída de bola, nem ficar cruzando tanto para a área na esperança de o Soteldo aparecer entre os zagueiros para fazer um gol de cabeça. Que precisamos chegar com mais jogadores na frente, que a bola precisa passar pelo meio.

Não vou escrever que a liderança do grupo é ilusória. Os times do grupo do Santos somam a menor pontuação entre todos os grupos. Quase a metade do B, do Palmeiras, por exemplo. Com a mesma pontuação, o Peixe seria terceiro naquele grupo. E sabemos que a pontuação também é enganosa porque escapamos da derrota contra Red Bull Bragantino e Ferroviária, ambos graças ao Everson, e ganhamos do Guarani de forma aleatória.

Não vou escrever que um time é reflexo do técnico, até mesmo no comportamento. O Santos pilhado e intenso de 2019 foi o recordista de cartão amarelo no Brasileirão. Era um time que brigava pela bola o tempo todo, brigava com os adversários, com o árbitro. O Santos de 2020 não briga por nada e com ninguém. Foram 8 faltas cometidas contra a Ferroviária, foram quatro em um dos jogos do Paulistão.

Não vou escrever que em duas semanas o Peixe vai estrear na Copa Libertadores fora de casa sem os reforços que precisa para a lateral esquerda, para o meio-campo e para o ataque. No último setor, só podemos contar com Marinho (que está machucado), Sasha e Soteldo, talvez Kaio Jorge (que, na sua posição, entrou bem diante da Ferroviária).

Não vou escrever que a bronca do Sasha por sair  e a declaração de Carlos Sánchez sobre a falta de atitude da equipe começam a mostrar um descontentamento dos próprios jogadores com o Santos de 2020.

Não vou escrever que o “grande currículo” do técnico Jesualdo Ferreira se resume aos anos do Porto, encerrados em 2010. Depois disso foram trabalhos ruins no Panathinaikos, Málaga, Sporting, um mais ou menos no Braga, e títulos nos campeonatos  de “alto nível” do Egito e do Qatar.

Não vou escrever que é cedo para falar em demissão de técnico, mas que é preciso alguém da diretoria começar a cobrá-lo por um rendimento melhor. Santos teve a semana inteira para treinar, fez jogo-treino, coletivo, rachão e a Ferroviária disputou uma partida de vida ou morte na quinta-feira pela Copa do Brasil. Não parecia.

Não vou escrever que a ausência do Evandro não tem explicação. Os melhores momentos do time em 2020 foram com o meia em campo. E olha que nem sou tão fã assim do jogador.

Não vou escrever que estou preocupado com o futuro do Peixe na temporada.

Ops, escrevi.

Foi mal