O técnico do Santos, Jesualdo Ferreira, se irritou com as perguntas e comparações com o antecessor, Jorge Sampaoli, após a vitória diante do Guarani nesta segunda, em Campinas, pela segunda rodada do Paulistão.
“Só é preciso respeitar todos os treinadores, ninguém é igual. Muitos treinadores que são campeões não têm os mesmos métodos”, afirmou o técnico.
Jesualdo tem razão. Não existe apenas um caminho para ganhar. José Mourinho e Pep Guardiola são campeões de tudo e suas equipes jogam de forma completamente diferente (eu prefiro o estilo do espanhol).
O problema para Jesualdo Ferreira é o discurso. Não o dele, mas o usado para justificar a sua contratação. Quando o nome surgiu, o técnico era praticamente um desconhecido para a grande maioria dos torcedores. A diretoria afirmou que escolheu um treinador para seguir o “legado” deixado por Jorge Sampaoli, de um time intenso e que seguiria o tal do “DNA ofensivo” do Santos.
Jesualdo Ferreira nunca foi um treinador ofensivo e sempre deixou claro nas suas entrevistas que gosta de equipes equilibradas. Mas o torcedor já não estava esperando um time que sabe se defender, queria o “Amor pelo balón”, o ataque a todo momento.
Então, o Santos faz dois jogos no Paulistão. Foi um choque de realidade.
Em ambos, o time se defendeu muito bem no primeiro tempo (Red Bull Bragantino e Guarani não criaram uma jogada nos primeiros 45 minutos dos jogos). Nesta segunda, o time muitas vezes estava em um 4-5-1, com a linha do meio formada por Arthur Gomes, Carlos Sánchez, Alison, Diego Pituca e Raniel (nessa ordem). As duas linhas ficaram quase sempre muito próximas, em dez, 20 metros, da entrada da área até a intermediária.
Me parece claro que o Santos vai se defender bem durante a temporada.
No ataque, ao contrário do primeiro jogo, algumas conexões já começaram a acontecer, os triângulos pelos lados funcionaram. O lance do gol nasceu de uma jogada treinada. O centroavante saiu da área para participar das triangulações, encontrou um bom passe para o lateral e o cruzamento pegou o atacante do lado oposto fechando na área no espaço aberto com a saída do 9. Perfeito.
O desempenho do time no segundo tempo das duas partidas foi sofrível. O Guarani, mesmo com um menos, pressionou o Santos. Aí entra em cena outro fator preocupante: o condicionamento físico.
No final do ano passado, o Santos publicou em seu site que foi o time com menos lesões durante o Campeonato Brasileiro. Neste início de ano, Felipe Aguilar, Lucas Veríssimo, Derlis González e Arthur Gomes já sentiram (Kaio Jorge e Marinho são mais frutos de trauma). Além da questão Madson, um dos reforços para a temporada, que ainda não teve condições de ficar à disposição de Jesualdo por questões físicas.
O Santos de Jesualdo Ferreira não terá o “DNA ofensivo”. Isso vai ser um problema?
Para alguns torcedores, acredito que sim.
Mas eu gostaria que o Santos tivesse um “DNA vencedor”.
Talvez, isso o time de Jesualdo possa ter.
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