Pelé cercado de crianças antes de um jogo pelo Peixe (Crédito: Reprodução)Texto do pesquisador Vinícius Cabral especialmente para o DIÁRIO DO PEIXE
Eu nasci em 1984. Portanto, não acompanhei a era de ouro do Santos Futebol Clube. Claro que tive o privilégio de ver das arquibancadas os craques que não deixaram o Santos por baixo na época das vacas magras. Vi também aquele camisa 10 paraense que fez chover em 1995. Assisti tudo o que a segunda geração de Meninos da Vila fez a partir de 2002. E o que falar do time de 2010/2011? Todos eles deram diversas glórias a nós, fanáticos pelo maior clube do mundo.
Mas eu queria mesmo é ter nascido nos anos 30 ou nos anos 40 para poder vivenciar tudo o que você, Edson Arantes do Nascimento, fez pelo Santos, pelo futebol brasileiro e mundial. Ah como eu queria estar na Rua Javari em 1959 e ver você chapelando quatro incrédulos juventinos antes de fazer o gol mais lindo de sua carreira e socar o ar com raiva. Imagina só poder ver suas tabelas com Coutinho, ou as tramas com Pepe e Pagão, no famoso Trio PPP.
E como seria assistir Gylmar; Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe? Todos comandados pelo mestre Lula. Eu seria um torcedor insuportável. Sei que vocês 11 jogaram poucas vezes juntos, mas quando entraram em campo trucidaram os rivais sem piedade.
Também queria estar em Lisboa no dia 11 de outubro de 1962. ‘Seo’ Pepe diz que foi a maior atuação que ele já viu de um jogador de futebol na vida. Você fez três gols e ainda deu uma assistência. Fomos campeões do mundo. Um time de uma cidade pequena com pouco mais de 260 mil habitantes na época estava no topo do mundo. Desbancando potências mundiais. E muito graças a você, Pelé.
Aquela histórica final da Libertadores na Bombonera poderia ter minha presença para assistir no meio de milhares de argentinos toda sua realeza desfilando e comandando o time para a glória.
Você fazia o que o jogo pedia. Se precisasse bater você não fugia da porrada. Eu sei que você não era um doce dentro da cancha. São inúmeros os relatos de jogadores que quebraram a perna em divididas com o senhor. Mas entendo que você precisava se defender das botinadas. Se te expulsassem, azar do jogo e do árbitro. Que o diga Guillermo Velazquez, que ousou te mostrar o cartão vermelho e acabou ele próprio sendo expulso da partida para você voltar em triunfo ao campo para delírio dos torcedores colombianos.
Imagina ir para um jogo de meio de Campeonato Paulista e de repente ver você fazer oito gols. Oito! Como pode alguém fazer oito gols em 90 minutos? Como pode alguém fazer 1.091 gols com a mesma camisa? É humanamente impossível. Mas, como Pepe sempre diz, você não é humano. Você é um ET.
Afinal, um terráqueo não faria três gols numa final de Copa do Mundo com apenas 17 anos. Não é normal. Você desequilibrou o mundo, como bem definiu Gylmar dos Santos Neves. É o único atleta a ganhar por três vezes a maior competição do futebol mundial. E ainda ousam compará-lo a reles mortais. Perdoe eles, Pelé.
Você foi inigualável, insuperável, imparável. Sua imagem que sobreviveu por décadas e ainda hoje, quarenta e três anos depois de abandonar o futebol, ainda tem uma marca rentável. Você “parou” guerras, encontrou com reis, rainhas, príncipes, princesas, papas, artistas de todos os segmentos. Ou melhor, eles se encontraram com você. Para nós, santistas, só nos resta agradecer, apreciar os vídeos, enaltecer e manter viva essa história incrível. Pelé, o aniversário é seu, mas quem tem motivos para comemorar somos todos nós. Parabéns e obrigado. Vida longa ao Rei.
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