Cuca faz um trabalho louvável com o Santos dentro de campo (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

O trabalho do técnico Cuca no comando do Santos até agora é altamente positivo e até me surpreende. Ele manteve características que não me agradam, como a superstição do sal grosso, as cirandinhas alegres nos treinos, o discurso de “Família Santos”, mas o time não mostra o Cucabol em campo.  Tenta sair jogando desde o goleiro, sobe a marcação para pressionar os adversários, características mais modernas e que não faziam parte do repertório do treinador.

Cuca tem se virado muito bem com os poucos recursos que tem. Está aproveitando os garotos das categorias de base de forma consciente, algo diferente do que fazia Jesualdo Ferreira. Está tentando recuperar jogadores marcados pelos torcedores, como Arthur Gomes. Descobriu um grande goleiro dentro do elenco.

Todo esse trabalho deve ser muito elogiado.

No entanto, um outro Cuca está passando dos limites. Segundo matéria do portal Uol Esporte, o treinador entrou em contato com o BMG para pedir ajuda na contratação do zagueiro Cacá, do Cruzeiro.

Como o departamento de futebol do Santos não existe, e tenho escrito isso há meses, o treinador parece atuar como o dono do clube. E o presidente José Carlos Peres, mais uma vez, deixou as decisões para o técnico.

Cuca ligou para Elias e pediu para o volante treinar no CT. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, José Carlos Peres disse que era uma “decisão técnica” e não do presidente.

Supostamente por indicação de Cuca, o Santos está perto de contratar o zagueiro Laércio, do Caxias. O defensor tem 27 anos, já passou por três cirurgias no joelho e o máximo que disputou até agora na carreira foi a Série B do Campeonato Brasileiro, como reserva do Boa Esporte. Brasileirão? Não. Libertadores? Não.

Ainda para atender Cuca (supostamente), o Santos negocia com Thaciano, do Grêmio, um jogador que já foi dispensado do Santos B. Para piorar, pretende fazer um acordo em que o próximo presidente terá de pagar mais de R$ 10 milhões ao Grêmio. Isso mesmo, R$ 10 milhões por um jogador já dispensado pelo Peixe e que há anos é um eterno reserva do time gaúcho.

“Decisão técnica”, deve dizer o presidente José Carlos Peres.

E assim, sem departamento de futebol, o Santos sangra. Depois não adianta culpar o técnico. Cueva? Sampaoli que pediu. Uribe? Sampaoli que pediu.

Como já escrevi aqui, o Santos não aprende com seus próprios erros.

Ou já esqueceram que o próprio Cuca barrou Marco Ruben e pediu a contratação de Felippe Cardoso?

Técnico treina time e escala time. Esse trabalho Cuca está fazendo com louvor.

Mas a atuação fora de campo extrapola os limites.