Ano sim, outro também, o atacante Robinho é alvo de especulações sobre a sua volta ao Santos. Não tenho a informação, mas tenho a sensação de que ele voltará neste ano ao final do seu contrato com o Istanbul Basaksehir, da Turquia.
Em enquete realizada pelo DIÁRIO DO PEIXE, 75% dos torcedores aprovam a contratação do atacante. A maioria nem sabe que ele é, atualmente, reserva do Istanbul Basaksehir, que lidera o Campeonato Turco, muito menos que ele marcou pela última vez no dia 12 de outubro do ano passado.
Torcedores querem a contratação de Robinho porque ele é um símbolo de um Santos vencedor.
Um símbolo que a famosa “geração do quase” apagou da memória dos santistas. O último título do Peixe foi em 2016.
Robinho teve três passagens pelo Santos e conquistou títulos em todas elas. Na primeira, o bicampeonato brasileiro em 2002 e 2004, com uma das melhores ou a melhor atuação individual de um atleta em uma decisão de campeonato, na partida das pedaladas. O Peixe não conquistava um título importante desde 1984.
Na segunda, ele conquistou o Paulista e a Copa do Brasil em 2010. No torneio nacional, foi fundamental na decisão diante do Vitória. Foi o primeiro título do Santos na Copa do Brasil (e único).
Na terceira passagem, o Santos conquistou o Paulista de 2015. Foi a primeira conquista do clube após a Era Neymar. Além dela, o Peixe tem apenas o título do Campeonato Paulista de 2016.
O Santos tem 12 títulos neste século. Robinho participou de cinco. Neymar participou de seis. Eles estiveram juntos nas conquistas de 2010. Ou seja, sem contar títulos como a Copa Conmebol ou Rio-São Paulo, o Santos só ganhou três paulistas desde 1984 sem contar com Robinho ou Neymar (em 2006, 2007 e 2016).
Neymar, aliás, vai ficar marcado na história como um jogador maior e melhor que Robinho pelo sucesso internacional por clubes ou pela Seleção (mas não custa lembrar que Robinho foi o melhor do Brasil na Copa de 2010). No entanto, não tenho qualquer dúvida de afirmar que Robinho foi mais importante para a história do Santos do que Neymar.
Por isso os torcedores querem tanto a volta dele.
Robinho tem 36 anos e não vai decidir mais um campeonato como na final de 2002 ou de 2010, isto é claro. O salário é alto, com certeza, mas é quase o mesmo que o Santos deu para Bryan Ruiz, Uribe e Cueva. E esqueçam esse besteira de salário de R$ 1 milhão. Dívida é uma coisa e tem de ser paga com ele jogando ou não pelo clube, assim como qualquer trabalhador que prestou seu serviço a um clube ou empresa tem o direito de receber. Salário é outra coisa.
A condenação por estupro é muito grave, mas não quero discutir aqui porque não tenho todas as informações sobre o processo. A Itália não é muito diferente do Brasil. Lá como cá temos alguns exemplos de pessoas condenadas injustamente, por perseguição política, racismo, preconceito, xenofobia ou coisas desse tipo. Prefiro torcer para ele ter sido vítima de um erro.
Prefiro aqui neste espaço discutir a importância futebolística da volta de Robinho e gostaria de compartilhar um comentário que ouvi de um colega argentino após o título do Boca Juniors neste final de semana, com um gol marcado pelo atacante Carlitos Tevez, também de 36 anos.
O meia Riquelme, um dos grandes nomes da história recente do Boca, parou de jogar em 2014, o mesmo ano em que o River Plate começou a ser dirigido por Marcelo Gallardo, um dos grandes nomes da história do clube.
Sem Riquelme no Boca e com Gallardo no River, o time do Monumental de Nuñez tornou-se o principal protagonista do futebol argentino, com dois títulos da Copa Libertadores (relegando o torneio nacional para o segundo plano).
Como jogador, Riquelme foi três vezes campeão da Libertadores e, agora, voltou ao Boca como dirigente e conquistou um título que estava nas mãos do maior rival.
São símbolos.
Robinho não seria o mesmo jogador de outros tempos, mas a imagem é a mesma. E essa imagem vitoriosa pode dar a confiança e a atitude para que os outros jogadores cresçam e possam fazer parte de um Santos vencedor.
E eu tenho saudade desse time!
Num passado não tão distante, o Santos FC tentou trazer de volta o atacante Basílio e, depois, o meia colombiano Molina. Nas duas tentativas, os jogadores sequer abriram negociação, pois sabiam que já não estavam jogando no nível esperado pelos torcedores e queriam preservar a imagem que haviam conseguido vestindo a camisa do clube. No caso do Robinho, parece um ato de desespero. O jogador vem descendo a ladeira na carreira de atleta. Sempre que pode, foi atrás de dinheiro e deixou o Santos FC no vácuo. Se vier, vai pedir alto, mostrando sua verdadeira gratidão pelo clube que o projetou. Como símbolo do clube, o Robinho não se preservou nesse episódio de estupro coletivo (o que um pai de família, que não é mais nenhum menino, estava fazendo na cena do crime? Ainda que seja inocente, estava perto da bagunça) Se for condenado, ainda que se diga inocente, o escândalo vai respingar no Santos FC, que não tem patrocínio master e, frequentemente, aparece nas páginas policiais, com casos de diretor e massagista assediando meninos da base, de ex-presidiário que cumpriu pena por tráfico de drogas trabalhando com as categorias de base. Se for condenado, o Robinho pode parar atrás das grades desde que a Justiça brasileira reconheça a sentença imposta pelos italianos. Não vai ser extraditado, mas vai ter que cumprir a pena. Enfim, se o Santos FC melhorar com Kaio Jorge, Soteldo e cia, essa estória do retorno do Robinho vai ser esquecida rapidinho. Alguém se lembra do Giovani G10, o Messias, na sua última passagem? Pois é, o Neymar e o Ganso mandaram o ex-craque para a aposentadoria, sem nenhum lamento da torcida santista. Saiu sem jogo de despedida.
Concordo com tudo que disse a matemática não mente.
SFC + Robinho = títulos