Kaio Jorge foi chuteira de bronze do Mundial Sub-17 em 2019. Jogou duas partidas fora de posição e já sofre com críticas (Crédito: Divulgação/CBF)

O que era uma tendência na primeira rodada, como escrevi aqui e fui muito criticado, está se confirmando. O Santos jogou todo o trabalho de Jorge Sampaoli na lata do lixo.

O técnico argentino não era perfeito, inventava em algumas escalações, especialmente com o zagueiro de lateral, mas em todo o ano passado duas ideias de Sampaoli ficavam claras em todos os jogos: o “amor pelo balón” e o desejo de ser “protagonista”.

Nós escrevemos aqui algumas vezes que os clássicos contra o Corinthians eram todos sintomáticos. Em 2019, em todos eles, o Santos parecia uma equipe grande enfrentando uma equipe menor, do interior.

O primeiro clássico contra o Corinthians em 2020 foi um terror. Nem com 11 jogadores contra dez o Santos conseguiu “ser protagonista”. O Amor pelo balón virou “amor pelos cruzamentos”. Foram 32 chuveirinhos neste domingo, em Itaquera.

O Santos pode melhorar com Jesualdo Ferreira, mas escolheu um caminho novo. Abandonou as ideias do melhor trabalho apresentado no clube em muito tempo.

Ah, mas Jesualdo ainda pode fazer a equipe jogar como Sampaoli (vão dizer os haters).

Não, não pode. E não pode porque em toda a sua carreira nunca jogou assim. Usaram o argumento de que “ele gosta do 4-3-3” para justificar a contratação de alguém “ofensivo”, como se apenas escalar três jogadores no ataque fosse selo de confirmação de um time ofensivo. Se você escala três centroavantes e três volantes seu time não será ofensivo nunca.

Já tivemos um exemplo recente no Santos. O clube apresentou Jair Ventura dizendo que ele iria manter o tal do “DNA ofensivo”. O único trabalho de Jair Ventura no profissional até então era baseado no sistema defensivo e em contra-ataque. Ele foi tentar fazer o que não sabia e deu no que deu.

Nesse contexto, é temerário e não legal o uso dos jogadores das categorias de base. Para muitos torcedores, Kaio Jorge já não serve. Atuou em duas partidas em um time desorganizado, fora da sua posição de origem, é já foi rebaixado de joia para perna de pau. Sandry entrou de última hora em um clássico contra o maior rival, não conseguiu jogar e já é “fraquinho”.

O torcedor do Santos tem isso com os Meninos da Vila. Ou é joia, como Rodrygo, Neymar e Robinho, ou não serve para nada. Não tem meio termo. Arthur Gomes e Tailson que o digam. Yuri Alberto, com apenas 18 anos, já ganhou o selo de “grosso”.

Jesualdo Ferreira terá agora uma semana inteira de treinos antes da partida contra o Botafogo. Dá tempo ao menos de melhor a execução dos conceitos.

Infelizmente, é o máximo que nós podemos esperar.