Matheus Rodrigues representou o Santos em reunião com o presidente Jair Bolsonaro (Crédito: Reprodução)

Às sextas-feiras, temos feito a live do nosso Quarteto Santástico: eu, Isabel Nascimento (a Imparcialmente Santista), Giovane Martineli e Christian McCardell (os responsáveis por este site). Um dia, já no fim do nosso papo, o Giovane perguntou o que os outros três queriam do Santos para o futuro.

Aquela questão me pegou muito…E a conclusão veio rápido ali na hora, mas vem se elaborando a cada dia: eu queria que a instituição Santos Futebol Clube fosse um reflexo do que são hoje as redes sociais do clube.

Nas redes sociais do Santos a gente vê a apoio à diversidade, a tentativa de tornar um futebol mais inclusivo, um espaço para todos – não só para os homens heterossexuais que sempre povoaram esse meio -, vemos apoio à causas sociais, incentivo à vacina, conscientização dos cuidados em relação ao coronavírus.

Vemos alegria relacionada ao futebol, mas também uma maneira criativa e respeitosa de fazer homenagens nos dias certos. Tem gracinha (que nem todo mundo gosta, mas eu gosto), boas lembranças de jogos relevantes…

Tem mostras de modernidade e organização e tem o resultado disso em números expressivos.

O que o Santos não tem.

Como pode o Santos estar sempre entre os times com maior engajamento na América Latina, maior número de seguidores e ter 24 mil sócios?

A Santos TV está perto dos 900 mil inscritos. Por que o Santos não consegue converter 10% dessas pessoas em sócios do clube? Nem 5%.

O problema vai muito além da proximidade com o presidente Jair Bolsonaro. O Santos não tem voto a distância, não inclui torcedores de fora do estado de São Paulo. O Santos não pune conselheiros ou sócios que têm ações abertamente racistas, homofóbicas, nazistas. Nada disso. Só nas redes sociais, claro.

Me deixa feliz que um time tão retrógrado e desorganizado na gestão dê espaço para pessoas jovens e modernas cuidarem das redes sociais do clube.

E me dá até um pouco de vergonha quando o torcedor, e até eu mesma em certas ocasiões, uso o Twitter do Santos pra cobrar o clube por algum erro tosco ou mesmo sobre as dívidas astronômicas.

Porque está claro que esse é um setor afastado do clube.

Quem cuida das redes sociais e fala sobre a importância do isolamento social, colocou o emoji indicando “de casa” muito provavelmente não tem nenhuma relação com o representante do Santos em Brasília, sem máscara, tirando foto com o presidente.

E é uma pena que não tenha uma relação próxima.

É uma pena que tanta gente retrógrada toma conta do clube e seja incapaz de olhar para o futuro. Entender que é importante modernizar as estruturas.

As redes sociais não podem vender uma mentira.

Eu não quero dizer que quem cuida dessa área do clube está mentindo, mas a verdade é dura: quem manda no Santos não pensa como quem posta nas redes.

Acho isso muito triste.

O ano é 2020 e a gente ainda percebe que os homens que mandam no futebol não veem o privilégio que tem, não percebem as batalhas travadas pelas minorias que devem ter espaço.

Acordem, a modernidade chegou.