Rueda

Andres Rueda está preocupado com a grave crise financeira do Santos (Pedro Ernesto Guerra/Santos FC)

A distribuição de ingressos para a Libertadores é a primeira bola fora da gestão de Andres Rueda como presidente do Santos. Cada um dos finalistas recebeu um total de 150 ingressos e, segundo comunicado oficial do clube, a distribuição será feita da seguinte forma: 45 para familiares de jogadores e comissão técnica, 30 para o Comitê de Gestão e seus convidados, 30 para o Conselho Deliberativo, 15 para autoridades e patrocinadores, 25 para sócios e 5 para funcionários do clube.

Ao ler essa decisão, me senti envergonhada. Declarei meu voto em outro chapa, mas a partir do momento em que Rueda assumiu, apoiei em todas as decisões. Nessa, não tem como ficar quieta e aceitar.

Minha questão é simples: quem contribuiu mais para que o Santos estivesse na final, os funcionários do clube (com direito a cinco ingressos) ou os convidados do Comitê de Gestão (com direito a 30 ingressos) e membros do Conselho Deliberativo (outros 30 ingressos)?

Vivemos dias complicadíssimos, no meio de uma pandemia. Quem arrisca a vida diariamente para contribuir com o Santos, servir comida, lavar roupa de jogador, são os funcionários do Santos, não “os amigos do rei” – ou do presidente, neste caso.

Quem estava na concentração, jogando bingo com os jogadores no dia antes do jogo contra o Boca Juniors? Quem faz parte do dia a dia? Quem poderia dar mais alegrias aos próprios jogadores? Quem vive tudo isso com eles. Mas, o que fica claro no comunicado da diretoria, é que eles preferem privilegiar os amigos.

O Conselho Deliberativo é importante para o clube, claro, mas não acredito que sejam mais importantes que os funcionários ou as categorias de base ou que o time feminino, por exemplo. A torcida adora quando há integração entre as categorias, foi Marinho quem entregou a placa de 100 gols pra Ketlen, por que ela e as outras atletas não poderiam estar no Maracanã, assistindo o clube que ama e representa todos os dias?

Sobre as categorias de base, nem deveria precisar falar. São esses moleques que tinham que representar a nossa torcida no Maracanã. Todo dia o santista fala da grande instituição “Meninos da Vila”. Eles, sim, poderiam estar numa final de Libertadores, tendo a oportunidade de sonhar com o dia deles de estarem dentro de campo, em vez de nas arquibancadas.

Não quero ingressos para mim ou para outros sócios, é uma pandemia. Exige deslocamento, mobilização, é perigoso. Mas tem gente que todo dia faz esse deslocamento pelo Santos, que vai trabalhar pra ajudar o clube a ser o que é. E essas pessoas estão sendo ignoradas.

Bola fora de Rueda e sua gestão. Não tem nada de diferente dos antigos presidentes, que sempre adoraram privilegiar seus amigos próximos. Uma pena. Realmente lamento muito, mas ainda dá tempo de consertar a situação, basta querer.

Destaco o posicionamento da conselheira Valeria Mendes, que criticou a situação, expos o erro da gestão da qual faz parte e abriu mão de participar de qualquer sorteio para os conselheiros.

É isso que o Santos precisa, não de gente cultivando privilégios.

Sei que ela não é a única a adotar essa posição, mas é quem colocou o caso publicamente e merece minha admiração.

Parabéns, Valeria, o Santos cresce com pessoas como você lá dentro