O técnico Ariel Holan teve a primeira chance em equipe profissional de futebol no Defensa y Justicia (Crédito: Divulgação)

Antes de começarem a me xingar, deixo bem claro que o Santos é muito maior que o Defensa y Justicia, da Argentina, e que o Independiente del Valle, do Equador. Isso não quer dizer que o Peixe não possa aprender e tirar lições das boas práticas da dupla, que se destacou nesta quarta-feira ao conquistar a Recopa em cima do Palmeiras (Defensa) e eliminar o Grêmio na Libertadores (Del Valle).

Nos últimos anos, mesmo sem grandes recursos financeiros, o Defensa y Justicia tem feito boas campanhas em competições continentais. Deu trabalho para o Santos na Libertadores, ganhou a Sul-americana em 2020 e a Recopa neste ano. E tem feito isso com diferentes treinadores, o que sinaliza para um trabalho maior do clube, não personificado em um técnico como Ariel Holan (hoje no Santos), Sebastian Becacecce (técnico atual) ou Hernan Crespo (técnico do São Paulo). Holan e Crespo tiveram o primeiro trabalho de destaque justamente no Defensa.

“O Santos deve ser sempre grande e um clube grande se faz dentro e fora de campo. Precisamos pensar primeiro no fora de campo. Se você tem um clube sanado, administrado seriamente, os resultados chegam sozinhos”, afirmou o técnico Ariel Holan, em entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO PEIXE na última semana (veja aqui).

O Independiente Del Valle foi campeão da Sul-Americana em 2019, já foi capaz de eliminar River Plate e Boca Juniors na Copa Libertadores e fez confronto duro com o Flamengo na Recopa. Todos os olhares foram direto para o técnico Miguel Angel Ramirez, que foi contratado pelo Internacional.

Nesta quarta, com o português Renato Paiva como treinador (quase um desconhecido), o time eliminou o Grêmio da Copa Libertadores, em Porto Alegre. Venceu os dois confrontos, mesmo jogando o primeiro fora do seu país. Mais um clube em que o projeto não está personificado na figura de um treinador.

No ano passado, em uma Live no Diário do Peixe (veja aqui), Gustavo Silikovich, ex-gerente geral do River Plate e atual executivo de futebol da Federação do Equador, fez diversos elogios ao modelo de administração do Del Valle. O dirigente ainda demosntrou inconformidade com algo muito comum no futebol, infelizmente. Os grandes clubes do Equador, como o Barcelona, que está no grupo do Santos na Libertadores, ao invés de se espelharem no modelo administrativo do Del Valle, o combatem.

Como já escrevi anteriormente, é o mecanismo da conversa de John Henry e Billy Beane no filme Moneyball.

“O primeiro a ir contra o muro sempre acaba ensanguentado. Na cabeça das pessoas que comandam o jogo, é uma ameaça ao modo como eles fazem os negócios, aos seus empregos. Toda vez que isso acontece, as pessoas que estão no poder tentam destruir as ameaças”.

Que o Santos não tenha medo de ir contra o muro (e a gestão atual me parece caminhar nesse sentido) e conte com o apoio da sua comunidade (sócios, torcedores, mídia especializada) para impedir que os “donos do poder” tentem destruir o clube.

Eu, com certeza, entraria junto nessa luta.