Elenco do Santos precisaria de cinco reforços para a temporada (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Já escrevi neste espaço que o Santos precisa ter um modelo de formação de elenco, uma política clara de contratações e adotar o Moneyball (duas vezes). Então, resolvi exemplificar usando o elenco atual. E, claro, vou projetar sabendo das condições financeiras do clube, mas vou considerar que já conseguiu se livrar dos transferbans da Fifa.

A primeira situação a ser resolvida é do uruguaio Carlos Sánchez, que tem contrato apenas até julho e deve voltar aos gramados em março. Com ele, o clube já pode estabelecer uma regra para jogadores veteranos como a do Chelsea, por exemplo. O clube inglês não oferece contratos de mais de uma temporada para jogadores com mais de 30 anos. Por isso, William deixou o clube em 2020. Forçou um contrato de três anos e o Chelsea não aceitou.

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No mercado brasileiro, a idade deveria ser maior, talvez 33, 35. Sánchez tem 36. Logo, o clube deveria oferecer contrato apenas até dezembro. Pode até estipular metas para alinhar uma renovação automática para mais um, por exemplo.

Uma regra como essa impediria os 3 anos de contrato para Leandro Donizete.

Analisando por posição, no gol, Vladimir quer sair. Boa sorte, sucesso, faz um vídeo de despedida na Santos TV, dá uma placa para ele e vida que segue. No cenário ideal, o Santos buscaria um goleiro mais experiente e de maior peso, mas na realidade do clube é manter João Paulo, John e promover Paulo Mazotti e Diógenes, que fez uma grande temporada nos Aspirantes em 2020.

Nas laterais, Pará e Madson seguem normalmente na direita e o clube já deve pensar em procurar um substituto para o primeiro, que tem contrato até o final do ano. E esperar pela recuperação de Cadu, que sofreu com lesões em 2020. Na esquerda, é procurar uma alternativa barata para Felipe Jonatan. Wagner Leonardo e Wellington Tim podem quebrar um galho eventualmente, mas não são jogadores da função. Não é, claro, uma prioridade na situação atual do clube.

Uma das prioridades deve ser encontrar um zagueiro pela direita para suprir a ausência de Lucas Veríssimo. Laércio não vai jogar com qualquer que seja o novo treinador e Luiz Felipe não é mais confiável. Contrata um reforço para ser titular, libera Laércio ou Luiz Felipe (ou ambos) e vai promovendo uma linha de sucessão, com o agora contratado Robson Reis, Derick (acertem o contrato, por favor) e Kaiky Fernandes (que deve ser o grande zagueiro do Santos em pouco tempo e vai atropelar todos os outros).

Na esquerda, tem Luan Peres, Alex, Wagner Leonardo e Wellington Tim. Sem necessidade de mudança.

Sabino, que volta do Coritiba, tem mercado e eu apostaria em uma negocição. No caso de Cléber Reis, que não jogou na Ponte Preta na Série B, melhor tentar uma rescisão.

No meio-campo, temos Alison e Sandry como potenciais titulares. Vinicíus Balieiro como opção, Ivonei pedindo espaço. Jobson deve enfrentar uma longa recuperação de lesão. Talvez, caso apareça alguma oportunidade, o clube podia buscar um segundo volante com um pouco mais de experiência, mas também não é prioridade.

Prioridade fica para a meia. Mesmo com o retorno de Carlos Sánchez, o Santos precisa de mais uma opção importante para a função. Jean Mota tem mercado e o clube deve tentar em negociação. Ele não tem mais clima para seguir no clube. Lucas Lourenço poderia ser emprestado para ganhar mais rodagem. E Anderson Ceará, mesmo sem ter jogado no CRB, deveria ter mais oportunidades (ele teve menos que Lourenço). A contratação de um meia seria fundamental.

No ataque, Arthur Gomes já saiu, já voltou e não consegue ser regular, mas tem mercado. Santos poderia ligar para o Jesualdo Ferreira, que adorava o atacante, para tentar uma negociação. Tailson ainda não saiu emprestado e o momento é agora. Com as duas saídas, abriria espaço para Allanzinho, Renyer e Ângelo. Lucas Venuta volta de empréstimo, mas não conseguiu jogar no Sport e sua permanência só iria interferir no espaço dos Meninos da Vila.

Marinho e Lucas Braga são peças importantes. Se Soteldo sair, o clube vai precisar de um substituto. Tentaria o empréstimo de Luiz Henrique, ex-Botafogo, que está sem espaço no Olympique. O Santos usou essa tática de empréstimo com Dodô e Gabigol e funcionou. O representante do clube francês no Brasil é o ex-jogador Jamelli, que tem boa relação com o Santos.

Centroavante temos três da base. Se for preciso negociar um deles, já olha no mercado para buscar a reposição. Rodrigão está de volta depois de um ano ruim, mas o Santos podia encontrar algo para ele no mercado.

O elenco ficaria assim: João Paulo (John, Paulo e depois Diógenes); Pará (Madson), Reforço (Robson, depois Derick), Luan Peres (Alex, depois Wagner Leonardo) e Felipe Jonatan (reforço); Reforço, Alison (Vinícius Balieiro), Sandry (Ivonei), Carlos Sánchez (Anderson Ceará) e Reforço; Marinho (Ângelo e Allanzinho), Kaio Jorge (Marcos Leonardo e Bruno Marques) e Soteldo (Luiz Henrique, Lucas Braga e Renyer).

São cinco reforços na lista, sendo duas prioridades. Se Soteldo sair, três. As outras duas podem ser apostas.

Classificando como A (jogadores que jogam mais de 50% dos jogos), B (apostas) e C (categorias de base), teríamos o seguinte cenário.

A: João Paulo, Pará, Madson, Reforço da defesa, Luan Peres, Felipe Jonatan, Alison, Jobson, Carlos Sánchez, Reforço do meio, Marinho, Kaio Jorge, Soteldo (ou reforço) e Lucas Braga. Fica dentro da média dos jogadores que atuam em metade dos jogos, sempre entre 14 e 15.

B: John, Robson, Alex, Wagner Leonardo, Lateral-esquerdo, segundo volante, Sandry, Ivonei, Ceará e Bruno Marques. São jogadores da base que já passaram a primeira etapa na linha de evolução ou contratados como aposta do clube.

C: Paulo Mazotti, Diógenes, Derick, Kaiky, Wellington Tim, Vinícius Balieiro, Allanzinho, Renyer e Ângelo.

Ao final do ano, o clube avaliaria se os atletas da faixa A participaram de 50% dos jogos. Se os atletas da faixa B evoluíram para a A, se merecem mais um ano de oportunidade ou se é caso para empréstimo/negociação. Se os atletas da faixa C viraram apostas ou se precisam sair para ganharem rodagem e abrirem espaço para outros jogadores das categorias de base.

Numa sequência em temporadas consecutivas, esse modelo iria garantir ao menos 70% de jogadores do elenco formados nas categorias de base, com salários mais baratos. O clube ficaria mais sustentável, com dinheiro até para alguns investimentos para a faixa A.

PS: Só repetindo, que a análise é feita em cima da situação financeira do clube.