Nesta terça-feira completamos 10 anos da excelente conquista do tricampeonato da Libertadores, feito almejado por 11 em cada 10 santistas. No contexto que o Santos está atualmente, é importante não nos esquecermos de que colhemos este título um ano depois o que foi plantado em 2010.
Como já disse em participações nas lives do Diário do Peixe, vejo semelhanças entre os inícios da gestão Laor, em 2010, com a gestão Rueda, em 2021. Em ambos os casos, as finanças estavam destruídas. As dívidas eram gigantescas. Laor e Rueda assumiram amparados por profissionais preparados para lidar com estas pendências. Laor equacionou as contas em 2010. Rueda está fazendo o mesmo em 2021.
Em ambos os casos, havia uma base montada no elenco. Neymar, Ganso e cia tinham uma quase uma temporada completa. No Santos atual, nomes como Marinho, Luan Peres e Carlos Sanchez ajudam a dar uma estrutura maior para os bons jovens que surgem na base santista.
Me lembro quando cobri a primeira semana do Santos em 2010. Dorival Junior fez um discurso super modesto (e ele tinha razão) de que almejava a semifinal do Paulistão. Os grandes reforços foram Marquinhos e Durval. O ídolo Fábio Costa foi afastado do elenco. A expectativa era baixíssima. Mas, de repente, “deu liga”. Só naquele semestre, conquistamos o Estadual e a Copa do Brasil.
As maiores diferenças entre as épocas, a meu ver, são dos talentos disponíveis (Ângelo e Pirani precisarão evoluir muito para chegar perto de Neymar e Ganso – só para citar dois exemplos equivalentes) e que a gestão Rueda tem errado mais nas decisões no futebol do que a gestão Laor errou.
Construção de um trabalho
É importante ressaltar: o título de 2011 não surgiu “do nada”. Surgiu de um trabalho que se iniciou no Paulistão de 2010. É verdade que tem um pouco do imponderável e da sorte, como o time “dar liga” muito rápido, mas também teve o talento e a ousadia de quem acreditou que poderia repatriar Robinho ou de segurar Neymar mesmo com o forte assédio do Chelsea.
Para evoluir, é necessário aprender com os erros. E 2010 também rendeu várias lições ao Santos: de que o clube teria que lidar com egos (ex: briga de Neymar com Dorival e ‘birra’ de Ganso na final do Paulistão) e de que teria que adotar uma postura mais cautelosa defensivamente para ser campão sul-americano (Muricy caiu como uma luva nesse aspecto).
2010 foi um time que encantou o Brasil de várias formas, dentro e fora do campo. Ajudou a criar uma geração de torcedores santistas e de rivais irritados com o bom futebol dentro do campo e as dancinhas irreverentes nas comemorações de gol. Fez o Santos ser AMADO e ODIADO. É um time histórico (ainda vou escrever um livro ou fazer um podcast para contar mais sobre este ano que julgo fantástico na história do Santos).
2011 foi incrível – até pela conquista máxima da Libertadores. Mas foi o fim de uma história linda que começou em 2010. É isso que o Santos de hoje tem que ter em mente. Se quiser repetir esta história linda, precisa começar agora. Tentar, lutar. Aprender, refazer, tentar de novo. Sempre sem se esquecer do DNA ofensivo e irreverente que faz, fez e sempre fará parte da nossa história.
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