Santos pode ter um 2022 mais tranquilo que o 2021 (Crédito: Ivan Storti/Santos FC)

Na temporada de 2021, a angústia foi companheira inseparável do santista. Após começar o ano sonhando com um improvável tetracampeonato da Libertadores, o torcedor foi aprisionado em um pesadelo arrastado e sádico. No dia 9 de maio, o clube entrou em campo sob risco de ser rebaixado no Campeonato Paulista. Ao vencer o São Bento, na Vila Belmiro, escapou um ‘ufa’ curto e abafado. Era só o pontapé inicial de um longo calvário. Foi como ir de um passeio idílico no fim de janeiro a uma masmorra poucos meses depois. Do ‘acertei no milhar’, de Wilson Baptista e Geraldo Pereira, para o ‘Não sonho mais’, de Chico Buarque (viva a música brasileira!).

A queda na fase de grupos da Libertadores-21, as eliminações nas quartas de final de Sul-Americana e Copa do Brasil com atuações débeis e a luta para escapar do rebaixamento também no Brasileirão completaram a teratologia do ano santista. Em dezembro, ao fim da última rodada da competição nacional, o santista acorda em um solavanco, empapado de suor, coração acelerado e respiração acelerada.

Ao enxaguar o rosto, o torcedor pergunta: o que será do amanhã? Sem cigana ou zodíaco, como no belo samba-enredo da União da Ilha de 1978. O que há são fatos e circunstâncias que sugerem vigília ante possíveis pesadelos, mas permitem sonhar. Senão, vejamos:

No início da semana, o transparente presidente Andres Rueda apresentou ao Conselho Deliberativo a delicada situação financeira do clube. “Foi um ano duro”, ressaltou o dirigente, apontando para um cenário menos desfavorável à frente, embora ainda bastante preocupante. Em 2021, o Santos gastou mais com dívidas (R$ 120,4 milhões) do que investiu no futebol. Rueda apresentou nomes a quem o clube deve e a relação de treinadores a receber valores dá a dimensão do estado de coisas: Dorival Jr. Ederson Moreira, Jesualdo Oliveira, Levir Culpi e Jorge Sampaoli.

Com dívidas que superam os R$ 400 milhões, o clube seguirá no ‘modo saneamento’, sem poder fazer grandes contratações, e precisando reduzir gastos. Logo, para ser mais competitivo em campo e não passar os sufocos recentes será preciso um ótimo trabalho coletivo. E, aqui a palavra de otimismo, há bons indícios de que isso possa acontecer. Os frutos da base estão mais maduros: João Paulo, Pirani, Marcos Leonardo, Kaiky, Angelo… Edu Dracena, executivo de futebol, demonstra habilidade para gerir os humores do elenco e ser eficiente nas contratações (algo desafiador diante das sensíveis limitações financeiras). Carille fez um trabalho sólido na reta final do Brasileirão, ainda que o estilo e pensamentos de jogo possam desagradar parcela dos santistas.

Um conjunto de fatores que, aliado aos aprendizados de 2021, podem fazer o santista dormir mais tranquilo em 2022. Que assim seja!