Torcedores do Santos fizeram uma grande festa na chegada do Santos na Vila Belmiro (Crédito: Divulgação)

O momento ruim do Santos na temporada tem provocado diversos efeitos entre santistas e um deles é o “cruzamento” entre três “players” importantes no cotidiano do clube. Para que o santista mais distante (não no sentido geográfico) possa entender o cenário atual do ponto de vista dos bastidores, procurei o significado no google e no dicionário para: torcedor, jornalista e político.

Torcedor: aquele que torce

Jornalista: a pessoa responsável pela apuração, investigação e apresentação de notícias, reportagens, entrevistas ou outra informação de interesse coletivo

Político: aquele que se dedica à política.

O torcedor do Santos tem uma característica bem própria: ele, em geral, não é tão engajado, tão consumidor como outros, mas sempre que é estimulado de alguma forma pelo clube dá respostas interessantes. Vou citar alguns exemplos recentes: a campanha “Reage, Santos”, em 2018, o apoio ao programa de sócios no início da pandemia e a Vaquinha virtual “A virada santista”.

O torcedor do Santos é aquele que mesmo sem poder entrar no estádio foi para a porta da Vila Belmiro para apoiar o time antes da partida desta terça-feira, diante do Athlético-PR. Ou que fica sócio na hora do jogo e ainda coloca os filhos como dependentes para ajudar o clube.

Em relação ao jornalismo, historicamente, o Santos sempre teve a menor cobertura nas grandes mídias, como Globo, Bandeirantes, canais a cabo como SporTV e Espn. Sempre foi assim, até por uma questão geográfica. O torcedor podia se informar com o Ademir Quintino, o repórter mais antigo na cobertura, ou no Esporte por Esporte, da TV Santa Cecília, com o Armando Gomes. Cada um no seu estilo.

O primeiro portal criado para cobrir o Santos foi o “Santista Roxo”, que fazia uma cobertura decente, teve muita audiência, mas sempre foi um “braço” de um grupo político do clube, a Resgate Santista.

Acompanhando um movimento global, de uma comunicação cada vez mais segmentada, o DIÁRIO nasceu em 2017 para cobrir o Santos, sem ligação com qualquer grupo político, com o propósito de dar ao Santos o tratamento que ele merece. E acreditamos que dar o tratamento que o Santos merece não é só ter a maior cobertura na internet sobre o clube (falamos do profissional, base, Sereias, etc). É, nos artigos de opinião, elogiar os pontos positivos, mas também criticar os pontos negativos. Esse é o nosso entendimento do nosso papel.

O político santista é aquele que, na teoria, defende os interesses do clube sob o ângulo do pensamento do seu grupo. Tem aquele que defende o tradicional “o Santos é de Santos”, tem aquele que quer uma mudança do clube para São Paulo, tem dezenas de grupos que fizeram parte da eleição do Andres Rueda na “Santástica União”, em 2017, ou na “União pelo Santos”, em 2020.

É importante ter mais de uma linha de pensamento em um clube gigante como o Santos. Não existe só um caminho para você vencer no futebol. Se a política é feita com o bem do clube em primeiro lugar, não vejo problema algum. E até saudável que tenhamos uma oposição inteligente.

O problema acontece no Santos muitas vezes quando esses três players (torcedor, jornalista e político) se misturam.

Tem muita gente que torce para dirigente no Santos. Você claramente percebe isso nas redes sociais a cada resultado ruim. Tem os “Teixeiristas”, os “Laorzistas”, os “Modestistas”, os “Peristas”. Acho que só a gestão do Odílio não recebe elogios nas redes sociais, embora “Odilistas” apareçam lá com a solução para todos os problemas do clube. Os “Ruedistas” aparecem nos (poucos) momentos bons cheios de planilhas.

O vândalo que ameaçou o atacante Diego Tardelli após a eliminação na Copa do Brasil ou jogou rojões na casa do Ariel Holan depois da derrota para o Corinthians não é torcedor do Santos. Como está escrito no começo do texto, torcedor é “aquele que torce”. O cara que vai ameaçar o Gabriel Pirani antes do jogo contra o São Bento não é torcedor.

Não consigo acreditar que esses movimentos são espontâneos. Suspeito do envolvimento de outro “player” nas ações.

Por fim, vou deixar aqui um texto que escrevi neste mesmo espaço há muito tempo. O título era “O projeto esportivo do Santos não pode naufragar”.

É o campo que dá o tom ao torcedor, que norteia a cobertura jornalística e que move a política do Santos.

Em um clube de futebol, ainda mais no Santos, o campo tem sempre de estar em primeiro lugar.

Torcedor, em geral, não comemora balanço.