Rueda tem mais dois anos de mandato no Peixe (Crédito: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)

Na noite desta terça-feira (14), o Santos viveu um momento histórico com a prestação de contas do presidente Andres Rueda do seu primeiro ano de mandato aos conselheiros e sócios do clube. O nível de detalhe da apresentação nunca foi visto anteriormente no Peixe e o discurso deixou claro que ainda existe um caminho longo pela frente, mas ao menos um caminho bem desenhado. O grande desafio para Rueda é não sair dele.

José Carlos Peres teve um primeiro ano de mandato relativamente bom. Acertou em praticamente todas as contratações mesmo sem ter dinheiro para gastar. Chegaram Gabigol, Dodô e Sasha no primeiro semestre, dois por empréstimo e outro envolvido em uma negociação com Zeca, e todos foram importantes. No segundo semestre, chegaram Carlos Sánchez e Derliz González, também em condições boas (final de contrato e troca por Vitor Bueno), e os dois viveram bom momentos.

Apenas duas contratações do primeiro ano de José Carlos Peres deram errado. Bryan Ruiz, contratado muito também por uma campanha dos torcedores nas redes sociais, e Felippe Cardoso, um pedido do técnico Cuca.

Ainda no primeiro ano, José Carlos Peres conseguiu a maior venda da história na América Latina, a de Rodrygo para o Real Madrid. Repetiu inúmeras vezes o discurso que agora é de Rueda, de que pagou muitas dívidas dos presidentes anteriores, que não pagava comissão para empresário, etc.

O desempenho garantiu ao ex-presidente a vitória em dois processos de impeachment naquele ano. Em ambos, mais de 2 mil sócios votaram contra o afastamento (cerca de mil votaram favoravelmente).

Peres se perdeu a partir do segundo ano. Lastreado pelo dinheiro da venda de Rodrygo, passou a investir pesado no time. Contratou o técnico Jorge Sampaoli e jogadores como Felipe Aguilar, Soteldo e Cueva, mas não pagou o que devia pela chegada dos três. Não pagou a parcela do acordo com a Doyen em setembro, o que gerou uma multa milionária.

A sequência de erros seguiu no terceiro ano e ele não escapou do impeachment. Mais de 1000 sócios votaram pela saída do dirigente em novembro de 2020 enquanto apenas 69 sócios votaram pela permanência.

Rueda ainda não fez uma venda como a de Rodrygo e tem dezenas de acordos para honrar em 2022, inclusive com a Doyen. Enfrenta uma cobrança forte de torcedores para reforçar o time profissional. Até o momento ele não parece sucumbir às pressões para gastar um dinheiro que o Santos não tem.

Vamos acompanhar as cenas dos próximos capítulos, o desempenho da equipe no Paulistão e se a gestão vai seguir no caminho trilhado nos próximos meses.

Sabem mais uma coincidência entre o primeiro ano de Peres e Rueda?

Nas duas temporadas o Santos terminou o Campeonato Brasileiro na 10ª colocação, com 50 pontos ganhos. Foram 12 vitórias, 14 empates e 12 derrotas em 2021 e 13 vitórias, 11 empates e 14 derrotas em 2018.