Início de trabalho de Fernando Diniz no Santos é muito promissor (Crédito: Ivan Storti/SantosFC)

O Campeonato Brasileiro de 2021 talvez seja o mais atípico e imprevisível dos últimos anos. Quando chegarem na última rodada em 5 de dezembro, os jogadores, em sua grande maioria, terão completados cerca de 18 meses sem férias, sem pré-temporada adequada e com acúmulo de jogos em um curto intervalo de tempo.

Não à toa estamos vendo um número bem maior de lesões neste ano, além de resultados e desempenhos inesperados. Isso somado com Copa América deixou a classificação nas sete primeiras rodadas ao menos estranha. Times de grande investimento e favoritos ao título aparecem sem muito destaque, como Flamengo, Atlético-MG, Grêmio, São Paulo e Palmeiras.

Todos esses times citados tem grande margem de crescimento na sequência da competição. Ainda acredito que o título vai ficar com um deles, mas é importante esperar para ver quando (e se) a reação vai começar.

O Santos, neste contexto, deve ser muito elogiado. Fernando Diniz encontrou um caminho muito rápido e a campanha da equipe até agora é muito boa e poderia ser até melhor não fossem os sete minutos de desatenção na estreia diante do Bahia e a má atuação diante do Juventude.

De um time que escapou do rebaixamento apenas na última rodada do Paulistão e começou o Brasileiro com os torcedores pessimistas, eu inclusive, as sete primeiras rodadas transformaram o clube se não em um candidato ao título ao menos em um aspirante a uma vaga na Copa Libertadores de 2022.

Fernando Diniz conseguiu a transformação com ajustes defensivos, como a boa aposta até agora em Luiz Felipe, com o acerto até agora na contratação de Marcos Guilherme, com um trabalho de alta intensidade e com seu estilo de jogo habitual. Conseguiu isso em uma velocidade anormal como a temporada deste ano.

É um grande mérito do treinador, que tem tudo para fazer o seu melhor trabalho em um grande clube na passagem pelo Santos. Eu defendi a contratação do Fernando Diniz muito antes de o Santos iniciar a negociação com ele (se você duvida leia aqui) e fico feliz que ele tenha vencido a desconfiança de muitos torcedores de forma tão rápida.

A sequência da temporada ainda vai depender muito da qualidade do trabalho de Fernando Diniz. Ao contrário de Palmeiras (terá a volta de Dudu e selecionáveis), Flamengo (terá selecionáveis e vai investir em contratações), Atlético-MG, São Paulo e Grêmio, o Santos tem pouca margem para crescimento na minha avaliação.

Pode ganhar com a melhora na condição física de Carlos Sánchez, um jogador muito importante para o elenco, com as voltas de Jobson, Raniel e Sandry, mas deve perder alguns jogadores (talvez Luan Peres, Kaio Jorge) e certamente não fará grandes investimentos.

Se o clube estivesse em outro momento financeiro seria uma ótima oportunidade para fazer um esforço e brigar, de fato, pelo título, mas entendo perfeitamente a necessidade de colocar a casa em ordem e brigar por conquistas não apenas em cenários atípicos. E nas Copas ainda existe uma possibilidade de título neste ano, especialmente na Copa do Brasil.

Como escrevi na coluna em que defendi a contratação de Fernando Diniz, seria lindo ele conquistar um título em um grande time como o Santos.

Pelo que está fazendo até agora, ele merece!