Santos conquistou a Libertadores ao vencer o Peñarol no Uruguai (Crédito: Divulgação)

Há dez anos, no dia 22 de junho de 2011, o Santos escreveu mais um capítulo glorioso em sua história. Dito assim, soa banal: mais um… Passada uma década, com as lentes apuradas para o olhar histórico, é possível dar a real dimensão do que significou a conquista do tricampeonato da Libertadores. Hoje é possível dizer, sem cair na armadilha da hipérbole, que a vitória por 2 a 1 sobre o Peñarol, no Pacaembu, teve papel decisivo na identificação do Santos como um clube de grandeza atemporal.

O título teve a sua porção mítica, dado que o rival foi o mesmo da primeira conquista, em 1962. A árvore da história sopra signos que parecem premeditados. Em 2003, 18 anos antes, o clube havia chegado à decisão continental pela primeira vez após a Era Pelé contra o adversário do segundo título de 63, o Boca Juniors. Mas a derrota nos dois jogos empaleceu a força do fado.

O olhar histórico alerta para irmos além das coincidências e dimensionar o todo. Primeiro clube brasileiro a conquistar a Libertadores, o Santos foi refém por longo tempo no imaginário nacional de sua faceta romanesca, de uma era dourada, de um passado cada vez mais remoto. O time mágico de Pelé, Coutinho, Pepe e cia. deu fama e fortuna a um clube e seria esse o seu destino manifesto. Para sempre, um clube do passado. A primeira geração de Meninos da Vila, em 1978, e a equipe campeã paulista de 1984 seriam espasmos isolados que as quase duas décadas seguintes de jejum de títulos relevantes confirmariam. Sem um período efetivamente glorioso, a imagem se perpetuava.

Os títulos brasileiros de 2002 e 2004 e a sequência de conquistas estaduais a partir de 2006 deram um protagonismo doméstico ao clube que não parecia mais possível. O título da Libertadores, no ano seguinte à inédita conquista da Copa do Brasil, completou o ciclo de reafirmação. O mais importante troféu no plano internacional para clubes sul-americanos encerrou as dúvidas e deu carne ao verso de hino oficial, o Santos tem um passado e um presente de glórias.

O Brasileiro de 2002 deu autoestima para a geração de torcedores nascida entre o fim dos anos 70 e início dos anos 80. Foi a pedra fundamental na construção de uma nova identidade no universo do futebol. Mas a obra só termina com o troféu de 2011. A vitória sobre os uruguaios com gols de Neymar e Danilo soldou pela terceira vez o escudo alvinegro no troféu da Libertadores. E provou que a grandeza do Santos é atemporal.