Os quatro candidatos ao cargo de presidente do Santos para o triênio 2018-2020 participaram na noite desta quinta-feira de mais um debate promovido pela TV Santa Cecília, em Santos. O tema sócios suspeitos apereceu em quase todos os blocos, mas a discussão não chegou a ser tão áspera quanto no primeiro debate.
Confira os destaques do debate desta quinta-feira:
No primeiro bloco, os quatro presidenciáveis fizeram as considerações iniciais. O tom mais elevado foi do candidato Andres Rueda, que lamentou o nível da campanha.
“É estranho uma campanha política ter ameaça, suspeitas de corrupção, empresários envolvidos em todos os sentidos. O Santos não merece isso. É uma vergonha o que estão fazendo com nosso clube”, afirmou o candidato.
Na sequência, cada candidato respondeu a duas perguntas pré-definidas. Candidato da chapa 1, José Carlos Peres prometeu buscar investidores para construir um CT com oito clubes para dar mais estrutura para a formação de atletas e criticou duramente o trabalho feito atualmente nas categorias de base.
“A base precisa de uma reformulação completa. Estamos perdendo o espaço que tínhamos em revelação de jogadores. Temos que fazer uma mudança radical nos técnicos. Temos promessas que subiram precocemente para o profissional e deveriam passar pelo Sub-23. O Sub-23 hoje é mais um ninho de empresários”, disparou.
Candidato da chapa 2, Andres Rueda respondeu sobre as escolinhas do clube e sobre a formação da equipe profissional. Em relação ao primeiro assunto o presidenciável prometeu rever toda a relação e processos e falou sobre a utilização de ex-jogadores no processo para atrair novos atletas e novos torcedores. Em relação ao time, Rueda foi enfático.
“O perfil do técnico, da gestão técnica tem de ter perfil de campeão. Chega de ser segundo, terceiro lugar. E a palavra final sempre vai ser da diretoria. Chega de técnico que pede jogador de 40 anos e depois, se o clube não contrata, vai na imprensa reclamar”, disparou.
Nabil Khaznadar, da Chapa 3, respondeu sobre a dívida do clube e o mando de jogos. O candidato disse que a única saída para diminuir a dívida é buscar novas receitas e prometeu sentar com a TV Globo para ter mais exposição na TV aberta. Em relação ao mando de jogos ele falou sobre uma de suas bandeiras, o Pacaembu.
“Nós temos a prerrogativa de assumir o Pacaembu como segunda casa. No Paulista, nós mandaremos jogos na Vila, no Pacaembu e interior de São Paulo, onde temos muita torcida. Tem de ir atrás do nosso torcedor. No Campeonato Brasileiro jogaremos na Vila, no Pacaembu e fora do Estado, no norte do Paraná, Goiânia”, afirmou o candidato.
Por fim, o atual presidente e candidato da chapa 4, Modesto Roma Júnior, respondeu possíveis alterações do Estatuto e de valorização da marca. O candidato disse ter tentado mudar o estatuto na atual gestão, mas alegou ter sido impedido pela oposição, especialmente em relação ao Comitê de Gestão e ao tempo necessário de associação para participação nas eleições. Modesto Roma Júnior ainda afirmou ter aumentado o valor da marca no seu mandato.
“A marca subiu de valor para R$ 400 milhões. Isso é fruto de credibilidade. Com administração séria, pagando dívida, pagando conta, com um clube que busca a ética. O Santos já tem essa imagem”, afirmou Modesto.
Segundo bloco
Assim como no primeiro debate, o segundo bloco teve um embate entre os candidatos a vice-presidente das quatro chapas. Então, começaram as trocas de acusações, especialmente em relação ao assunto dos sócios registrados nos últimos meses de 2016, fato que gerou um pedido de investigação dos oposicionistas ao Gaeco.
Fábio Pierry, vice de Nabil Khaznadar, perguntou ao vice de Modesto Roma Júnior, César Conforti, sobre os novos associados e sobre um suposto pagamento de R$ 3 mil do empresário Flávio Pires ao clube para a quitação de mensalidades.
“As inscrições são obedecidas de acordo com as solicitações. Não temos que investigar o candidato a sócio”, afirmou Cesar Conforti.
Em seguida, Orlando Rollo, vice de José Carlos Peres, indagou José Renato Quaresma sobre a reprovação da previsão orçamentária para 2018 no Conselho Deliberativo e sobre a situação financeira do clube.
“O Santos deve R$ 500 milhões. Venderam Geuvânio, Thiago Maia, pegaram R$ 40 milhões de luvas com o Esporte Interativo 40 milhões e não pagam os direitos de imagem do Ricardo Oliveira. O Sub-23 tem 40 jogadores e tem um goleiro de 40 anos que o contrato foi renovado agora”, respondeu Quaresma.
Terceiro bloco
No terceiro bloco os candidatos fizeram perguntas entre si. E os embates continuaram, primeiro entre José Carlos Peres e Modesto Roma Júnior sobre o assunto cadastro de sócios.
“Nosso cadastro de sócios tem problemas. Cadastro de sócio não se terceiriza. Vamos fazer um grande recadastramento”, afirmou o candidato da chapa 1.
“Nós fazemos tudo em casa e queremos um cadastro sério. Não existem os sócios Bin Laden, Al Capone que o seu vice-presidente colocou na eleição anterior”, retrucou o atual presidente.
Em seguida, Modesto Roma Júnior foi para o choque com Andres Rueda questionando o conhecimento de futebol do candidato e a ligação dele com Fernando Silva, que foi candidato na última eleição do clube.
“Tenho muita experiência em administração e gestão de empresa, coisa que falta ao senhor. Se conhecer futebol é contratar um jogador de quase 40 anos é fazer contrato de três anos, ter 50 jogadores no time B, ter um goleiro com 31 anos que, por coincidência, trabalhou com o senhor antes….O que o senhor entende de futebol é podre. Estou entrando para mudar a estrutura de futebol do Santos”, afirmou Rueda.
“Seu coordenador de campanha (Fernando Silva) é o mesmo que assinou a tal carta do Neymar. Eu não renego meus apoios. Eu tenho o apoio do ex-presidente Marcelo Teixeira e nunca escondi isso”, rebateu Modesto.
O bloco terminou com debate ameno entre Nabil e Peres s sobre a proposta do primeiro de transformar o Santos em uma S/A e em um diálogo entre Rueda e Nabil sobre o financiamento das campanhas por empresários e o tal “almoço grátis”.
Quarto bloco
No quarto bloco, Modesto Roma Júnior e Nabil Khaznadar trocaram perguntas sobre os sócios registrados no final do ano passado e a proposta de criação de uma S/A. Na sequência, José Carlos Peres e Andres Rueda discutiram o papel do Comitê de gestão e a possibilidade de união entre as chapas de oposição, que acabou não ocorrendo.
Peres afirmou que Rueda chegou a aceitar seu candidato a vice na sua chapa em lugar de Orlando Rollo, mas declinou da posição durante o processo.
“Ninguém confia em ninguém. Todo mundo acha bonito ter união desde que seja o presidente. Não sei se é só vaidade ou interesse pelo poder, mas é estranho”, afirmou Rueda.
Quinto bloco
No último bloco os candidatos fizeram as considerações finais, a começar por Nabil Khaznadar. O candidato fez um alerta aos sócios.
“O pessoal que vai votar nas urnas 5, 9 e 10. Se tiver algum problema com a documentação o Ministério Público tomará as devidas providências. Se você não é santista não deve viajar para votar. Não precisamos de vocês”, disparou.
Em seguida, Andres Rueda fez o discurso da novidade. Ele é o único entre os candidatos que não participou do pleito em 2014.
“Não somos políticos de carteirinha, não somos dinossauros e nós estamos preparados para a gestão”, afirmou.
José Carlos Peres pediu o voto útil da oposição ao atual presidente.
“Chegou a hora de mudar. O Santos precisa mudar para valer. Fiz questão de ser o cabeça porque sabem que eu sou capaz. As pesquisas indicam que eu sou o único que posso tirar o Modesto do poder”, afirmou.
Para finalizar, Modesto Roma Júnior destacou feitos da sua gestão.
“Fizemos o pagamento da herança maldita que recebemos. Pagamos R$ 70 milhões de dívidas trabalhistas, R$ 70 milhões de dívidas fiscais, R$ 50 milhões da Doyen. Ainda falta 10 milhões de euros para 18 e 19. Nós temos história. Conhecer por dentro ninguém conhece melhor do que eu. São 58 anos de sócios”, afirmou.
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