Edu é um dos melhores jogadores da história do Santos (Crédito: Divulgação/Santos FC)

Era preciso um jogador muito especial para assumir a camisa 11 do Santos logo depois de Pepe, o segundo maior artilheiro da história do clube – ou o primeiro, se levarmos em conta sua bem-humorada versão dos fatos. E o Peixe teve a imensa sorte de encontrar esse jogador enquanto o mítico ponta-esquerda, já veterano, ainda vestia a camisa branca: Edu, o craque precoce que saiu de Jaú para se tornar um ídolo indiscutível da torcida santista.

Com Jonas Eduardo Américo, tudo aconteceu muito rapidamente desde sua chegada à Vila Belmiro. Quando estreou no time principal do Peixe, após passagens bem curtas pela equipe juvenil e pela de aspirantes, ele havia acabado de completar 16 anos. No quarto jogo como profissional já se firmou como titular, deixando para trás Pepe e Abel, outro ponta de grande talento. Três meses mais tarde, Edu foi convocado para a primeira de suas três Copas do Mundo.

Ao contrário do que se pode imaginar, o ponta nunca se assustou com o sucesso repentino. Ele sempre foi abusado e sempre teve muita confiança em seu futebol. E, além disso, a torcida do Santos soube receber muito bem aquele garoto cheio de dribles desconcertantes.

“A nossa torcida sempre apoiou os meninos da base, naquela época isso já acontecia e é assim até hoje. Quando eu entrei no time, os torcedores me deram muita força, me acolheram, e isso foi fundamental.”

O ponta estava destinado a dar certo no Santos. Quer uma prova? Quem o indicou ao clube foi o Rei Pelé. É melhor deixar o próprio Edu explicar essa história:

“Aconteceu de a minha irmã estar na casa do Pelé em Bauru em um período de férias do time. Ele sabia que meus dois irmãos mais velhos jogavam futebol, e aí perguntou se havia mais alguém na família que também jogava. E ela falou de mim. Então o Pelé disse para me levarem a Santos para fazer um teste”, recorda Edu. “Eu não conhecia pessoalmente o Pelé, só o conheci quando cheguei a Santos, foi o meu pai quem me apresentou a ele. Confesso que as pernas ficaram bambas, pois estava diante do maior jogador do mundo. Para mim foi o máximo porque eu tinha dois ídolos, ele e o Garrincha.”

Aprovado na peneira santista, o ponta teve de retornar a Jaú para retomar os estudos, mas voltou ao Santos em janeiro de 1965 e de lá não saiu mais. Mas Edu jura que o fato de ter sido indicado ao clube pelo Rei não facilitou as coisas para ele.

Edu em uma formação do Santos da temporada de 1973, ao lado de Pelé (Crédito: Reprodução)

“Ele mesmo me disse que eu teria de justificar em campo a indicação, então eu tive de trabalhar duro. É o mesmo que eu digo aos garotos que indico ao Santos hoje em dia.”

Ao lado de Pelé, Edu conquistou uma enorme quantidade de títulos e fama mundial. Com a Seleção, participou da campanha vitoriosa na Copa do Mundo de 1970, no México. Só que as coisas começaram a ficar difíceis quando o Rei deixou o Santos, em 1974. Os anos que se seguiram à despedida do maior jogador de todos os tempos foram de poucas vitórias e muita cobrança. E quem era o mais cobrado? Edu, é claro, afinal ele assumiu o posto de astro da equipe depois da saída de Pelé.

“Ter virado a referência do time me atrapalhou um pouco. No dia em que o Pelé se despediu do Santos, contra a Ponte Preta, em 1974, a torcida começou a gritar ‘Edu é o novo rei’ assim que ele saiu do campo. A responsabilidade aumentou muito, e eu era um especialista, um criador de jogadas, não era um cara que fazia muitos gols. A torcida estava mal-acostumada com tantas e tantas vitórias, mas as coisas mudaram e tudo ficou mais complicado.”

Entre 1976 e 1979, Edu foi emprestado algumas vezes pelo Santos, uma delas para o Corinthians, com o qual ganhou o título paulista de 1977. Magoado com a diretoria santista da época, o genial ponta não se sentiu nem um pouco incomodado quando teve de jogar contra o seu clube de coração usando a camisa do maior rival. Mas, como tinha de ser, a mágoa durou pouco e Edu até hoje, aos 69 anos, tem a sua imagem grudada à do Peixe. Morador de Santos, ele frequentemente participa de eventos do clube ou de grupos de torcedores.

“A palavra que resume o que o Santos significa para mim é tudo. Tudo o que eu conquistei no futebol eu devo ao Santos, os títulos, as convocações para a Seleção, as Copas do Mundo… Ganhei tudo o que eu poderia ter ganho no futebol e até hoje sou reconhecido nas ruas como o Edu do Santos.”

FICHA TÉCNICA

Nome: Jonas Eduardo Américo
Data de nascimento: 6/8/1949
Local de nascimento: Jaú (SP)
Posição: Ponta-esquerda
Jogos pelo Santos: 584
Gols pelo Santos: 183
Período que defendeu o Santos: 1966 a 1979