Presidente do Santos desde 2015, Modesto Roma Júnior tentará neste sábado obter mais três anos de mandato. O jornalista e empresário de 65 anos, filho do ex-presidente Modesto Roma, é o cabeça da Chapa 4, que tem como candidato a vice-presidente César Conforti.
Caso seja o vencedor da eleição, o atual comandante do clube afirma que terá dois pontos como prioridades entre 2018 e 2020: investimento forte no futebol e construção de um novo estádio para o Santos. Sua ideia é que a arena seja erguida na Baixada Santista, mas sem abrir mão da Vila Belmiro, que continuaria recebendo partidas da equipe alvinegra.
A entrevista de Modesto é a última da série de conversas do DIÁRIO DO PEIXE com os candidatos à presidência. Por ordem do número da chapa, a cada dia um presidenciável respondeu a dez perguntas sobre os seus planos para o Santos. As questões foram as mesmas para todos e nenhum candidato tomou conhecimento das respostas dos concorrentes antes de sua entrevista.
Leia abaixo a entrevista do candidato da Chapa 4 à presidência do Santos:
1 – Quais serão as prioridades de seu mandato?
O primeiro mandato foi dedicado a sanear o clube. Pegamos o clube em situação difícil, o que não é novidade para ninguém. Conseguimos em três anos colocar a casa em ordem, é verdade que ainda há coisas a serem acertadas, mas pagamos muita dívida, resolvemos situações em que o Santos estava desacreditado no mercado. Por causa disso, fizemos um futebol básico, para mantermos a tradição do Santos, e tivemos como prioridade acertar as contas do clube.
Agora nós podemos nos dedicar mais ao futebol. Pagamos quase R$ 200 milhões de contas passadas no Santos, isso sem falar no refinanciamento de impostos. Hoje o Santos tem folha (salarial) e impostos em dia, o que precisa ser sabido. Se tivéssemos esses R$ 200 milhões para gastar no futebol, nós teríamos um elenco bem mais forte, mas não tínhamos, e não poderíamos criar para o Santos mais um Leandro Damião. Por isso, procuramos jogadores pontuais para reforçar o elenco. Em 2018, teremos condições de arriscar mais porque teremos mais dinheiro.
Uma outra coisa que temos de fazer é avançar no projeto de uma nova arena, mas sempre preservando a Vila Belmiro. Temos condições de fazer a arena com investidores externos, porque ela pode se sustentar também com shows. A ideia é ficar com a Vila para jogos menores, e será uma Vila remodelada, e uma arena moderna para o Santos receber seus torcedores. Esses são os dois principais projetos para o período entre 2018 e 2020.
2 – Qual será o seu modelo de gestão?
Pretendemos fazer ajustes no estatuto. Enquanto o estatuto tiver o modelo atual, teremos de segui-lo. Esse modelo de Conselho de Gestão é ruim. Um modelo de Conselho de Administração é muito mais factível do que o atual. Futebol não pode ter gestão compartilhada porque não há tempo para compartilhar decisões. Contratação de técnico, contratações de jogadores, são decisões que não podem esperar uma reunião, com risco de vazamento de informações. O estatuto tem falhas porque foi feito por quem nunca havia lidado com futebol. Precisamos de uma mudança para fazermos uma gestão moderna de verdade, e não uma pseudo-moderna. Mas essa mudança depende do Conselho Deliberativo que será eleito. Se for um Conselho pró-ativo, que acredite na necessidade da mudança, ela acontecerá. Se for um Conselho como o atual, que decide por lados e facções políticas, aí ficará difícil.
3 – Como pretende resolver a questão dos patrocínios da camisa do Santos? Qual é a sua meta para os patrocínios do clube?
Precisamos colocar as coisas em seus devidos lugares: patrocínio master é importante, mas representa apenas 5% da receita do clube. Pegamos o Santos em uma situação em que um patrocinador saiu porque achou que o clube estava maculando sua imagem. Hoje temos Caixa Econômica Federal, Semp e Algar, três empresas sólidas. E estamos negociando com outras empresas. Temos a crescer? Temos, mas nós evoluímos nesses três anos com parceiros sólidos. Fizemos agora um acordo com a Umbro que é o maior patrocínio de material esportivo da história do clube.
Mas eu acho que é possível arrecadar ainda mais (com patrocínios). Só que não em 2018, porque tem Copa do Mundo, e a Copa rouba um pouco do espaço do futebol interno.
4 – Como pretende administrar a dívida do clube?
Tirando Doyen e Profut, temos R$ 9 milhões de dívidas para pagar. E as dívidas bancárias vamos pagar todas até dezembro. Dívidas com impostos, que são pagas por meio do Profut, temos 23 anos para pagar. Perto do que achamos aqui, é uma condição muito boa. Quando assumimos o clube, não tínhamos crédito, todas as cotas de tevê já haviam sido adiantadas, tínhamos dívidas bancárias, não havia nada a receber da Federação Paulista, ou da CBF, nada. Hoje não temos um tostão adiantado, em 2018 vamos receber todas as cotas de televisão de 2018. Só isso já são R$ 100 milhões.
Nossa maior dívida é com a Doyen. Já pagamos mais de 50%, falta pagar uma parcela de 5 milhões de euros em setembro de 2018 e outra de 5 milhões de euros em setembro de 2019.
5 – Como você vê a discussão entre o Santos jogar na Vila Belmiro e no Pacaembu? Qual é a sua preferência? Você defende a construção de um novo estádio?
Meu plano é em dezembro de 2020 deixar o estádio novo em fase final de construção. Estamos na etapa da escolha da área. A opção mais avançada é a negociação pela área da A. A. Portuários, que faz parte do patrimônio da União. Já tivemos reuniões em Brasília para tentar a liberação desse local. A segunda alternativa é o estádio do Jabaquara e a terceira, uma área às margens da Rodovia Imigrantes. Mas os investidores preferem a área do Portuários, porque é mais central. E é mesmo a melhor opção.
Existem alguns investidores interessados em construir o estádio. O Santos não colocaria dinheiro para fazer a obra, até porque não tem, mas o Santos tem algo que interessa muito aos investidores: a marca. De zero a dez, a chance de esse projeto ser concretizado é nove. Só quem não conhece a realidade do negócio futebol acha que essa ideia é utopia.
Quanto à Vila e ao Pacaembu, acho que fomos a gestão que mais mandou jogos em São Paulo. Mandamos 17% dos jogos lá. Só que as partidas em São Paulo precisam ser bem escolhidas, porque o Pacaembu é caro, com menos de 18 mil pessoas ele não se paga. Se você leva um jogo para lá em horário ruim, em dia ruim e contra adversário ruim, não consegue esse público.
Nosso objetivo na próxima gestão é levar 20% dos jogos para São Paulo. Todo mundo sabe que a sede do Santos é em Santos, nós não fugimos da nossa origem.
6 – Quais serão suas prioridades para as divisões de base do clube? Vê a necessidade de construção de um novo Centro de Treinamento?
O Santos precisa de mais campos de treinamento, só que isso em uma ilha é mais difícil. Conseguimos colocar as finanças nos trilhos, e agora podemos fazer voos mais altos. Nos cinco anos da gestão anterior, de Luís Álvaro (de Oliveira Ribeiro) e Odílio Rodrigues, não foi investido um prego no patrimônio do Santos. Nós recuperamos os campos que encontramos destruídos, inclusive o da Vila Belmiro. Compramos um imóvel para alojamento de garotos da base, reformamos um outro, além de outras melhorias.
Mas o que precisamos agora para a base é de mais campos. Pretendemos fazer também um novo setor de fisioterapia no CT da base, entre outras melhorias, mas o mais importante é termos mais dois campos.
7 – Quais são seus planos em relação ao futebol feminino e aos esportes amadores do clube?
Vamos manter o trabalho. Montamos o time em 2015, neste ano fomos campeões brasileiros, e vamos continuar o trabalho. Existem propostas de clubes de fora por algumas atletas, e estamos discutindo isso. O futebol feminino no Santos é um caminho sem volta, até porque é obrigatório pela CBF. E vale a pena termos um bom departamento feminino, acho que tem dado visibilidade ao clube.
8 – Você pretende manter Elano como técnico? Qual perfil de técnico você considera ideal para o Santos?
O Elano vai dedicar 2018 à sua formação, isso já havia sido combinado. O técnico que queremos é um técnico conectado com a base e que tenha o trabalho focado no objetivo ofensivo do Santos, na raiz do Santos, essa é a nossa procura.
9 – Você avalia que o time precisa de reforços? Quais setores são mais carentes? Tem nomes que gostaria de trazer para o Santos?
Temos carência na lateral direita, apesar do sucesso do Victor Ferraz e do Daniel Guedes. Precisamos de um zagueiro porque virá assédio ao Lucas Veríssimo, assim como um segundo volante para ajudar o Renato. Precisamos também de um meia, um atacante central e um atacante pela beirada.
10 – Qual Santos você espera entregar ao final de seu mandato?
Um Santos estável, um Santos forte, estabilizado financeiramente e desportivamente. Ainda temos coisas a fazer, e esses três anos serão importantes para concluir essa maturação do clube. Queremos um Santos com diretrizes sólidas para o futuro, que não venha ninguém aqui e desmorone o clube como foi desmoronado.
Leia aqui a entrevista com José Carlos Peres, candidato da Chapa 1 à presidência do Santos
Leia aqui a entrevista com Nabil Kahznadar, candidato da Chapa 2 à presidência do Santos
Leia aqui a entrevista com Andres Rueda, candidato da Chapa 3 à presidência do Santos
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